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Expedição científica leva o público ao coração da Antártida pelo WhatsApp (1 notícias)

Publicado em 12 de fevereiro de 2025

Um encontro inesperado com uma foca predadora. Coleta de água num lago com temperaturas congelantes. Um dia de trabalho no laboratório devido a intensas nevascas. Essas são algumas das experiências vividas por cientistas da USP que estão no continente antártico realizando pesquisas e que compartilham suas rotinas em tempo real pelo canal do WhatsApp Cientistas na Antártica. Para acompanhar o canal e interagir com os cientistas basta acessar este link e começar a receber as atualizações. Também é possível ver o dia a dia dos cientistas pelo Instagram nos perfis @carbmet@proxymar_iousp e @sumida_lab.

“O canal traz atualizações diárias, incluindo fotos, vídeos e informações sobre as descobertas científicas e a vida na Antártida. A ideia é aproximar as pessoas do trabalho científico realizado em um dos lugares mais remotos e fascinantes do planeta”, explica Renata Hanae Nagai, professora e pesquisadora do Instituto Oceanográfico (IO) da USP que está na expedição. “Nós queremos compartilhar a experiência em tempo real e engajar o público com a ciência antártica desenvolvida pelo Brasil”, destaca.

Renata faz parte do grupo de oito pesquisadores que partiu no último dia 22 de janeiro da sede do IO, na Cidade Universitária, no Bairro do Butantã, em São Paulo, rumo à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), localizada na Baía do Almirantado (Ilha Rei George). Viajando com o navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, da Marinha do Brasil, eles se juntaram a outros cerca de 20 cientistas de diferentes projetos e instituições, inclusive da USP, que já estão no continente gelado.

É a rotina desses oito cientistas que o canal Cientistas na Antártica mostra. Metade deles é vinculada ao projeto de pesquisa As Múltiplas Faces do Carbono Orgânico e Metais no Ecossistema Antártico: ferramentas elementares, isotópicas e moleculares aplicadas à geoquímica e poluição marinha da Antártica- Carbmet II, e a outra metade estuda Conexões Bentônicas em Altas Latitudes do Hemisfério Sul – Becool. O que une o grupo, além do estudo do ambiente marinho, é a missão de divulgar a ciência oceânica antártica para a sociedade brasileira.

As equipes vão coletar dados e amostras no âmbito da Operantar XLIII, 43ª edição da Operação Antártica, uma missão anual coordenada pela Marinha do Brasil por meio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que tem como objetivo manter a presença brasileira no continente antártico, promovendo pesquisas científicas e atividades de apoio logístico.

O Carbmet II tem foco em processos químicos marinhos e “estuda os impactos humanos em escalas local e global em uma região da Península Antártica, onde está estabelecida a estação brasileira de pesquisas”, destaca César de Castro Martins, professor do Laboratório de Química Orgânica Marinha (LabQOM) do IO e coordenador do projeto Carbmet. Martins explica que o projeto realiza expedições desde 2020 e, entre novembro e dezembro de 2024, já levou uma equipe de quatro pesquisadores, embarcando neste mês de fevereiro a segunda equipe, que fica até março.

O projeto de pesquisa Becool busca trabalhar em áreas mais rasas e investigar a influência da retração de geleiras nas comunidades bênticas (do fundo marinho) por meio da comparação da fauna atual e de dados históricos. “Essa análise será realizada a partir da coleta de amostras de sedimento para verificação da fauna presente. Também utilizaremos um robô submarino para aquisição de imagens da fauna do fundo marinho na enseada Martel, onde se localiza a Estação Antártica Brasileira”, explica Monica Petti, do Departamento de Oceanografia Biológica.

Monica, que é curadora da Coleção Biológica Prof. Edmundo F. Nonato do IO, também vai trabalhar no fortalecimento da coleção de bentos antárticos (conjunto de organismos e materiais coletados do fundo do mar, como esponjas, moluscos, crustáceos, algas e microrganismos), além de alimentar e divulgar seu banco de dados.

Relação da sociedade com o oceano

“Estamos no meio da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (2021-2030) e um dos desafios é restaurar a relação da sociedade com o Oceano”, ressalta a professora Renata. “A divulgação científica é parte fundamental desse processo”.

Nesse trabalho, pelo canal do WhatsAPP Cientistas na Antártica, os integrantes dos grupos de pesquisa no IO estão mostrando o dia a dia dos integrantes, procurando explicar alguns dos processos de estudo realizados no continente. Em algumas mensagens, por exemplo, eles explicam o trabalho de campo com membranas semipermeáveis, que são estruturas com um material pegajoso para acumular compostos orgânicos. Elas ficarão submersas por pelo menos 20 dias para ajudar a entender sobre os poluentes orgânicos dissolvidos nas águas da Baía do Almirantado.

O diário informa sempre em qual local está sendo realizada a atividade científica, qual a temperatura do ar, a sensação térmica e o vento. Quando as condições climáticas são desfavoráveis, o grupo realiza atividades nos laboratórios da Estação Antártica.

Além das atividades científicas, fotos e vídeos mostram a paisagem e os habitantes da região, como pinguins e focas. O público pode interagir com os “emojis” e em enquetes lançadas pelos pesquisadores.

Em uma das mensagens, o grupo fala sobre o interesse do projeto Carbmet em olhar para o material que fica em suspensão na água da Baía do Almirantado na Antártida. “Fomos ontem (sábado) de manhã e de tarde com garrafas de vidro para coletar a água, de onde vamos retirar o material particulado que será analisado. São 4 litros por garrafa x 6 garrafas por ponto x 16 pontos, somando 384 litros. Mas é como mostra o vídeo da Márcia, com um sorriso no rosto, que completamos toda a coleta.”

Pelo projeto Carbmet II participam as professoras do IO Marcia Caruso Bicego, Renata Hanae Nagai, além dos doutorandos e bolsistas Yan Weber Mesquita (Fapesp) e Yasmym Schultz (CNPq). O projeto Becool tem Mônica Angélica V. Petti, curadora da Coleção Biológica do IO; Linda G. Waters, pós-doutora; Luis Carlos da Silva, técnico de laboratório; e Maria Maia, aluna da graduação.

Para acompanhar o canal do WhatsApp Cientistas na Antártica clique aqui.  No Instagram siga os perfis @carbmet@proxymar_iousp e @sumida_lab.

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