Militares do Comando de Fronteira Solimões resgataram e libertaram 96 cágados tracajás. Durante missão de apoio à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), na quinta-feira, 21 de dezembro, os militares encontraram uma canoa suspeita, abandonada às margens do Rio Ituí.
Ao inspecionar a embarcação, a equipe encontrou os animais aprisionados. Nenhuma pessoa foi avistada no local.
Após verificarem que todos os animais estavam em bom estado de saúde, os agentes da FUNAI, juntamente com os militares do Exército, procederam à imediata soltura dos tracajás, conforme prevê a legislação vigente.
Os tracajás são cágados típicos da região amazônica, que sofrem com a caça predatória e irregular.
A apoio do Exército à FUNAI na patrulha de rios e terras indígenas é parte da Operação Itaquaí . Seu objetivo é a fiscalização e controle das terras indígenas no Vale do Javari, a fim de prevenir crimes ambientais e prover mais segurança para a população indígena.
PREDAÇÃO SEM FIM
Segundo a Fapesp, pelo menos 30 anos depois dos primeiros alertas, o perigo de declínio das populações de tracajá (Podocnemis unifilis), uma espécie de tartaruga comum na Amazônia, persiste.
E a causa continua a mesma: o intenso consumo da carne e dos ovos dessa espécie por populações ribeirinhas.
Pesquisadores da Universidade Federal do Amapá (Unifap) acompanharam o destino de 324 ovos depositados em 180 ninhos às margens do rio Falsino, em uma reserva ambiental, e na área urbana da cidade de Porto Grande, na bacia do rio Araguari, no estado do Amapá.
Os pesquisadores verificaram que apenas 20% dos ninhos permaneceram intactos e 25% dos ovos eclodiram após os 63 dias em média de incubação.
Houve perdas de ovos na maioria (80%) dos ninhos, causadas principalmente (75%) por moradores das comunidades próximas, tanto nas áreas protegidas das reservas como na área urbana.
É possível que as 96 tartarugas tracajás resgatadas e libertadas pelos militares do Exército tivessem o mesmo destino.