A ex-servidora da Unicamp, Ligiane Marinho de Ávila, pode ser condenada a até 36 anos e 8 meses de prisão por crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público de São Paulo, ela é acusada de desviar mais de R$ 5 milhões de recursos destinados à pesquisa, entre 2017 e 2024. O desvio teria ocorrido por meio de 27 atos de peculato e 189 de lavagem de dinheiro, utilizando contas bancárias pessoais e de empresas ligadas a ela.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) apurou 220 transferências bancárias feitas por Ligiane, sendo 160 diretamente para sua conta. A entidade já ajuizou 34 ações de cobrança contra os envolvidos. Três decisões judiciais já determinaram a devolução de mais de R$ 300 mil. A FAPESP também responsabilizou os pesquisadores dos projetos por negligência, acusando-os de permitir o acesso irregular às contas.
Ligiane, considerada foragida desde que deixou o país em fevereiro, declarou que havia conhecimento e autorização dos pesquisadores para as movimentações financeiras. Ela alegou ainda que manipulava notas fiscais a pedido dos docentes e que todos sabiam dos procedimentos adotados.
A Unicamp informou ter realizado sindicância interna e aguarda os desdobramentos da investigação judicial. A defesa de Ligiane sustenta que as operações foram feitas com consentimento dos envolvidos. Já os pesquisadores se dizem vítimas do esquema e estão acionando a Justiça para anular as cobranças feitas pela FAPESP.
Leticia Alves