A renúncia do reitor da Unicamp é fácil de entender. Ao assumir a reitoria, Brito pretendia alçar vôos bem mais altos, contando com a eleição de Serra à presidência. A vitória de Lula frustrou suas expectativas, sobrando apenas a desagradável tarefa de administrar a massa falida que se tornou a Unicamp. A reitoria da Unicamp é hoje um cargo que nem dá prestígio político, nem permite administrar verbas significativas, visto que, praticamente, todo o dinheiro destinado à universidade está de antemão comprometido com pagamento de salários, cada vez mais defasados. Melhor voltar ao antigo berço, à Fapesp, uma das poucas instituições cientificas nacionais com mediana saúde financeira. Brito, que já foi presidente da Fapesp, cargo hoje ocupado por Carlos Vogt, que também já foi reitor da Unicamp, vai para a diretoria científica, hoje ocupada por José Fernando Perez. Neste jogo das cadeiras, Perez sai ganhando, pois transfere-se para a iniciativa privada, onde, com a experiência adquirida ao longo de sua longa gestão à frente da diretoria científica da Faesp (além dos excelentes contatos feitos neste período), certamente se tornará um empresário bem-sucedido, largando o abacaxi público nas mãos dos que estão atrás da fila.
Ricardo Molina
(professor da Unicamp), Campinas
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)