Uma antiga funcionária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Ligiane Marinho de Ávila, de 36 anos, foi indiciada sob a suspeita de peculato. Segundo investigações, ela teria desviado cerca de R$ 5 milhões de verbas da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) destinadas a pesquisadores do Instituto de Biologia.
O caso está sendo investigado pelo 7º Distrito Policial de Campinas e a suspeita foi oficialmente indiciada por peculato. O inquérito policial foi remetido à Justiça no dia 22 de agosto, de acordo com informações divulgadas pela Secretaria da Segurança Pública.
O crime de peculato é caracterizado quando um funcionário público se utiliza do cargo para desviar bens públicos em benefício próprio ou de terceiros.
O advogado de defesa de Ligiane, Rafael Azevedo, que até então tem representado a suspeita, não se pronunciou sobre o caso. Ligiane, que está atualmente na França desde o início das investigações, ainda não teve data marcada para prestar depoimento à polícia.
Uma auditoria realizada pela FAPESP identificou que mais de R$ 5 milhões passaram pela conta da ex-funcionária. Os pesquisadores geralmente são responsáveis por gerenciar o uso dos recursos e prestar contas, mas no caso em questão, essa função foi delegada a Ligiane, que era contratada pela Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). Outra auditoria em andamento, realizada pelo Instituto de Biologia, também constatou um desvio anterior de R$ 3 milhões.
A descoberta dos desvios ocorreu quando a FAPESP identificou irregularidades na prestação de contas de um pesquisador do Instituto de Biologia. Ao solicitar esclarecimentos, foi descoberto que o mesmo problema se repetia com outros pesquisadores da unidade.
Ligiane era responsável por essa prestação de contas desde 2018 e, na mesma época, abriu uma microempresa que supostamente realizava manutenção e reparos de equipamentos. Segundo as investigações, ela teria emitido notas frias em nome da empresa para desviar as verbas destinadas à pesquisa. A empresa foi encerrada logo após a demissão de Ligiane.
O caso tem gerado repercussão e chama atenção para a importância do controle e da transparência na administração de verbas destinadas à pesquisa e ao desenvolvimento. A Unicamp e a FAPESP estão colaborando com as investigações para esclarecer o caso e garantir a punição dos responsáveis.