Notícia

O Imparcial (Presidente Prudente, SP)

Evolução

Publicado em 01 fevereiro 2004

No artigo "As teias da inteligência" (edição n° 93), o seguinte trecho: "Assim, criam a possibilidade de adotar o comportamento como uma ferramenta auxiliar na classificação e na reconstrução da história evolutiva de outros grupos de animais, como as aves e até mesmo os mamíferos - uma tarefa científica complexa, que começou no século 18 com o botânico sueco Lineu, a partir do estudo das formas e das estruturas biológicas, e na última década ganhou o reforço da genética", sugere que Lineu teria sido um pioneiro na área de reconstrução filogenética. Lineu era criacionista, e sua meta ao classificar òs organismos era desvendar os planos da criação. No mesmo número de Pesquisa FAPESP há um artigo sobre Lineu e seu trabalho, que nunca teve nada a ver com evolução. O primeiro a sugerir claramente uma classificação baseada na história evolutiva foi Darwin no livro Origem das espécies (1859) e o método empregado hoje pela maioria dos sistematas, chamado de cladístico, tem origem no trabalho de Willi Hennig. Do ponto de vista do método cladístico, não existe distinção entre caracteres morfológicos, comportamentais ou moleculares (e não "genética"). São apenas conjuntos diferentes de caracteres, cada um com suas vantagens, desvantagens e dificuldades. Os caracteres morfológicos são mais usados apenas porque são facilmente preservados em espécimes de coleções, a partir dos quais é possível obter uma base comparativa. O uso de caracteres comportamentais nesse tipo de abordagem não é novidade. A dificuldade está em obter os dados, já que é necessário observar representantes vivos de todos os táxons envolvidos no estudo, o que é inviável na maioria dos casos. Reginaldo Constantino Depto. de Zoologia/Universidade de Brasília (Publicado na Revista Científica da Fapesp)