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Evento internacional discutirá futuro da bioenergia após volta dos EUA ao Acordo Climático de Paris (95 notícias)

Publicado em 21 de maio de 2021

As primeiras medidas tomadas pelo presidente eleito dos EUA, Joe Biden, como o retorno dos EUA ao Acordo Climático de Paris e a convocação da Cúpula do Clima, ocorrida em abril, recolocam a maior economia do mundo como uma liderança ativa nas discussões mundiais sobre políticas energéticas sustentáveis. Entre elas, a geração de bioenergia e a produção de biocombustíveis.

Além disso, o recém-lançado relatório “Mapa do Caminho para Emissões Zero”, da Agência Internacional de Energia (AIE), mostra haver uma janela de oportunidade muito estreita para limitar o aquecimento global a níveis aceitáveis. Isso demandará múltiplas soluções, incluindo o crescimento do uso da bioenergia.

Segundo a Agência, para que essa janela de oportunidade não seja perdida, a produção global de bioenergia sustentável deverá mais que dobrar nos próximo 30 anos, passando dos atuais 40 para cerca de 100 Exajoules de energia disponibilizada e a produção de biocombustíveis deverá mais que quadruplicar, aumentando o consumo diário de 1,6 para 7 milhões de barris, considerando a equivalência como o de petróleo.

Esse novo cenário, incluindo a discussão sobre as políticas públicas, tecnologias e meios para alcançar essa aceleração, estará em pauta no Biofuture Summit II e Brazilian Bionergy Science and Technology Conference (BBEST), evento totalmente online e que acontece entre os dias 24 e 26 de maio. Coordenadas pelo governo brasileiro e pela FAPESP, as duas conferências ocorrem conjuntamente, em um único evento integrado, envolvendo representantes governamentais, empresários e pesquisadores de mais de 30 países, além de organismos internacionais, como a própria AIE, e a Agência Internacional de Energias Renováveis – IRENA. A conferência ocorre em momento estratégico e definidor das tendências mundiais no campo da transição energética para o baixo carbono.

A cerimônia de abertura do evento contará com a participação do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, pelo Secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty, Embaixador Sarquis Sarquis, bem como do vice-secretário de Estado de Energia dos EUA, David Turk, do diretor executivo da Agência Internacional de Energia, Fatih Birol, do presidente da FAPESP, Evandro Zago, do presidente da APEX-Brasil, Augusto Pestana, e outras autoridades.

Renato Domith Godinho, chefe da Divisão de Promoção de Energia do Itamaraty e copresidente da Biofuture, considera que os números publicados pela AIE, bem como a mudança de postura do governo americano, reforçam o impulso internacional em direção à aceleração da bioenergia e da bioeconomia.

Segundo Godinho, quanto maior a produção de bioenergia e biocombustíveis no mundo, mais essa fonte energética se tornará previsível e confiável. Novos mercados serão abertos e o Brasil sairá beneficiado. “Quem produz com eficiência tende a ganhar espaço em um mercado global maior. Não apenas para a bioenergia em si, mas para produtos, equipamentos, serviço e tecnologia associados a essa produção”, afirma.

“Passagem de bastão”

A partir de 1º de junho, os Estados Unidos assumirão a presidência da Plataforma para o Biofuturo. A passagem da coordenação do Brasil para os EUA foi aprovada unanimemente pelos países membros e ocorreu de acordo com as regras de governança da Plataforma. Essas regras preveem que a presidência da iniciativa seja rotativa entre os países membros. A transferência será oficialmente formalizada durante a conferência.

Segundo a diplomacia brasileira, essa rotatividade é importante e traz fôlego à iniciativa. “A passagem da presidência aos EUA demonstra o amadurecimento institucional da Biofuturo e reforça ainda mais sua credibilidade como principal instância multilateral de promoção da bioenergia sustentável, diz Godinho, que participou da criação da Biofuturo e esteve na sua coordenação nos últimos quatro anos. “Apesar da multiplicação de foros sobre transição energética, até a criação da Biofuturo os biocombustíveis e a bioenergia estavam caindo no esquecimento nos debates internacionais sobre esse tema. Ficou hoje comprovado que uma iniciativa brasileira pode se tornar uma instituição de alcance global”, complementa.

O Brasil está na presidência da Plataforma para o Biofuturo desde 2016, tendo concebido e liderado sua criação. Em 2019, a Agência Internacional de Energia (AIE), ligada à OCDE, assumiu a função de facilitador, o que ampliou o prestígio da iniciativa. Criada na COP 22, em 2016, a partir da intensa atuação da diplomacia brasileira, a Biofuturo congrega 20 governos - dentre eles Estados Unidos, China, Índia e Canadá, além de países do sudeste asiático, do Mercosul e representantes da comunidade europeia - e tem por finalidade difundir políticas de incentivo à geração de bioenergia e biocombustíveis.

Política e ciência

Mercados emergentes na produção de bioenergia, sustentabilidade no uso da biomassa, políticas de incentivo à produção de biocombustíveis e bioenergia, o posicionamento dos biocombustíveis na nova economia de baixo carbono e modelos de financiamento para produção estarão entre os temas debatidos. Participarão das discussões representantes de governos, sociedade civil, empresas e pesquisadores de mais de 30 países, entre eles Alemanha, França, Espanha, Suécia e outros representantes europeus, EUA, Canadá, China, índia, países do sudeste asiático, África e América Latina.

“A Biofuturo tem uma abordagem mais política, econômica, social e de sustentabilidade. Já a BBEST procura estimular o debate técnico e a inovação”, explica Glaucia Mendes Souza, copresidente da conferência e professora titular do Departamento de Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa de Bioenergia (BIOEN) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Segundo a pesquisadora, os eventos ocorrem simultaneamente porque o crescimento do setor depende de decisões políticas e econômicas, mas também de informações técnicas confiáveis e de inovação. “Quando discutimos redução de emissões, alternativas energéticas, eficiência e viabilidade, é importante contarmos com estudos técnicos e científicos que contribuam para esclarecer temas, apontar tendências e auxiliar na tomada de decisões. Os eventos simultâneos geram sinergia entre os temas”, explica.

Painéis e palestras técnicas

Além dos painéis e mesas de debate, a conferência conjunta Biofuture Summit II e BBEST 2020-21 contará com quase uma centena de painéis e palestras técnicas que discutirão os mais diversos temas relacionados à cadeia produtiva de biocombustíveis e bioenergia, sustentabilidade e economia de baixo carbono. Para credenciamento, informações sobre os eventos e programação completa, acesse https://bbest-biofuture.org/v2/program-2/