Especialistas reunidos no 8º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, realizado na capital paulista, avaliaram que a baixa atividade de inovação do setor industrial no País é um dos fatores que levam à estagnação da produtividade da economia nos últimos anos.
Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o evento ocorreu em 10 e 11 de junho e contou com a participação de diversas instituições do campo científico, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Investimento
De acordo com os participantes, para a mudança desse quadro, serão necessárias políticas públicas que fortaleçam a agenda da inovação e de um esforço maior da iniciativa privada na área.
“O Estado tem o papel importante de alavancar o investimento e o esforço do setor privado em inovação. Mas o protagonismo nessa seara é fundamentalmente da iniciativa privada”, ressaltou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da Fapesp, durante o evento, à Agência Fapesp.
Segundo Jorge Almeida Guimarães, diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii), há 307 mil companhias classificadas como indústrias no Brasil, das quais 83% são pequenas empresas.
“Estimular a inovação nas pequenas indústrias brasileiras representa um enorme desafio e custa caro. Precisamos de políticas públicas que facilitem esse processo”, salientou o gestor à Agência Fapesp.
Para Igor Nazareth, subsecretário de inovação do Ministério da Economia, políticas públicas de apoio à inovação deveriam ter foco não só em pesquisa e desenvolvimento (P&D), mas também na inovação incremental. “A inovação organizacional e de processos, por exemplo, traz ganhos de produtividade para as indústrias”, afirmou à Agência Fapesp.
Avanços
Na avaliação dos palestrantes, apesar das crises estruturais, houve um progresso significativo no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à inovação no Brasil nos últimos 20 anos.
Nesse período foram criadas, por exemplo, a Lei de Inovação, que trouxe uma série de avanços para aumentar a interação entre universidades e empresas em pesquisas e que estabeleceu incentivos fiscais para a inovação no setor industrial.
“O Brasil conta com inúmeros modelos inovadores de gestão da inovação e com instituições de ciência e tecnologia. Essa experimentação institucional contínua é fundamental para estabelecer um sistema de inovação saudável e produtivo no país”, disse Cauam Ferreira Pedroso, pesquisador do Centro de Performance Industrial do Massachusetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos, à Agência Fapesp.
Outro desafio apontado pelo pesquisador é não tratar as políticas de inovação de forma isolada de outras, como as econômicas e sociais. “As políticas de inovação são transversais e influenciam as políticas econômicas e sociais”, acrescentou Cauam Ferreira Pedroso.