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Evento discute a aplicação na Biologia de ferramentas matemáticas utilizadas em Física (1 notícias)

Publicado em 13 de maio de 2014

Como se dá o processo de diferenciação que faz com que uma mesma espécie animal origine duas espécies diferentes? Como se organiza a visão das moscas? Como o ouvido da chinchila consegue distinguir sons de frequências muito altas e muito baixas? Como pássaros da mesma espécie desenvolvem diferentes formas de canto, de acordo com seus habitats?

 

Além do fato de se referirem à Biologia, essas quatro perguntas possuem outra conexão – não tão óbvia. É que todas elas dependem de sistemas não lineares, definidos por equações diferenciais, para serem respondidas. Foi essa amarração matemática que possibilitou que estudos tão diversos fossem apresentados em um mesmo fórum, a Minischool on Dynamical Systems in Biology.

 

O evento, que reuniu pesquisadores de vários países no Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp) entre os dias 5 e 9 de maio, foi promovido pelo International Centre for Theoretical Physics – South American Institute for Fundamental Research (ICTP-SAIFR), um centro criado a partir da colaboração entre o Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics (ICTP), com sede na Itália, a Unesp e a FAPESP.

 

Mais uma peculiaridade: os quatro estudos não foram apresentados por biólogos de formação. “Os quatro palestrantes iniciaram suas carreiras como físicos teóricos”, disse Nathan Jacob Berkovits, diretor do ICTP-SAIFR, à Agência FAPESP. Nascido nos Estados Unidos e naturalizado brasileiro, Berkovits é professor titular no IFT-Unesp e considerado um dos maiores especialistas do mundo em teoria das supercordas.

 

As palestras ministradas foram “Population dynamics and speciation”, por Marcus de Aguiar (da Universidade Estadual de Campinas), também um dos organizadores da Minischool; “Real time vision”, por Roland Koberle (Universidade de São Paulo, em São Carlos); “Critical dynamics in biological systems”, por Marcelo Magnasco (da Rockefeller University, nos Estados Unidos); e “Birdsong as a model for learning”, por Gabriel Mindlin (da Universidad de Buenos Aires, na Argentina).

 

“Os fenômenos biológicos estudados são muito complexos, não lineares. Por isso, é necessário utilizar equações diferenciais e outras ferramentas matemáticas sofisticadas para entendê-los. Essas ferramentas são bastante familiares para os físicos, mas sua utilização em Biologia é relativamente recente. Daí o interesse desse evento, tanto para físicos como para biólogos”, comentou Berkovits.

 

José Tadeu Arantes

Agência FAPESP