A fumaça de veículos e das indústrias contribuem para a poluição do ar das cidades. E essas impurezas podem causam diversas doenças respiratórias e cardíacas na população. Um estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) identificou que o uso de etanol reduz a concentração destas impurezas no ar.
A pesquisa foi desenvolvida na cidade de São Paulo (SP) entre os meses de janeiro e maio do ano de 2011 – um período marcado por oscilações no preço do etanol em relação à gasolina, motivadas por fatores macroeconômicos, como a variação do preço do açúcar no mercado internacional.
Durante o monitoramento foi percebido o aumento de 30% na concentração de partículas inferiores a 50 nanômetros nos períodos em que a gasolina estava com um preço melhor nas bombas dos postos em relação ao etanol.
Segundo o professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e coautor do artigo, Paulo Artaxo, o estudo associou o preço do etanol com a gasolina e mostrou mais uma vantagem do etanol. “O resultado reforça a necessidade de políticas públicas para estimular o uso de biocombustíveis, pois deixam claro que a população perde com saúde o dinheiro economizado na bomba quando se opta pela gasolina”, avalia Artaxo. As nanopartículas verificadas, que são 100 vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo, se comportam como gases e entram na respiração humana, chegando aos alvéolos pulmonares e, assim, atingindo a corrente sanguínea – atuando na troca entre oxigênio e gás carbônico no corpo.
A presença destes poluentes no corpo do homem causam impactos na saúde, como insuficiência cardíaca, inflamação do pulmão e aumento das doenças respiratórias, principalmente em idosos e crianças, que são os mais vulneráveis.
Fiscalização
Atualmente a concentração desse tipo de nanopartícula não é monitorada ou regulamentada por órgãos ambientais do Brasil ou de outras nações, como Estados Unidos e países da Europa. Por exemplo, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) monitora rotineiramente apenas as partículas sólidas de 10 mil nanômetros de diâmetro (PM10) e as de 2,5 mil nanômetros (PM 2,5) – além de outros poluentes gasosos como ozônio (O3), monóxido de carbono (CO) e dióxido de nitrogênio (NO2). “Essas nanopartículas menores não existem na natureza, a não ser devido a combustão de combustíveis fósseis, como a gasolina”, explica Artaxo.
Ainda segundo Paulo, Estados Unidos e a Europa já estudam, com base em pesquisas recentes, padrões de exposição para determinar que essas emissões sejam potencialmente prejudiciais à saúde e precisam ser regulamentadas. Em alguns estados norte-americanos, como a Califórnia, já existem leis que obrigam a mistura de 20% a 30% de etanol na gasolina, o que permite a redução de material particulado ultrafino seja liberado.
No Brasil, ainda não existem discussões sobre o tema. Mas o aumento da mistura de etanol no diesel pode auxiliar na redução do número de poluentes no ar. “Todo o uso de biocombustível é positivo. No caso do diesel, essa mistura reduz a quantidade de fumaça preta expelida pelos automóveis”, pontua Artaxo que complementa que as cidades brasileiras deveriam investir mais no deslocamento da população em meios menos poluentes, como no transporte coletivo com uso de biocombustíveis, metrô, bicicletas e outros.
Metodologia
Os dados analisados na pesquisa foram coletados no topo de um prédio de dez andares na zona oeste de São Paulo. O local foi escolhido por estar relativamente distante de grandes avenidas, já que a poluição que o ser humano respira no dia a dia não é a que sai diretamente do cano de descarga dos veículos e sim partículas já processadas na atmosfera.
Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia
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