As vacinas continuam sendo a forma mais eficaz de proteção contra a COVID-19 e outras doenças. No entanto, dois estudos publicados recentemente pela Universidade de São Paulo (USP) apontaram que três genes localizados no cromossomo 6 podem definir a forma como o sistema imunológico lida com a infecção: o MUC22, o HLA-A e o HLA-DOB. Os dados de 87 pessoas com mais de 90 anos que se recuperaram da doença com sintomas leves ou mesmo sem sintomas foram comparados com os de 55 pessoas abaixo dos 60 anos que contraíram a forma grave ou morreram.
Os resultados revelaram que as variantes do MUC22 (que é da família das mucinas e está ligado à produção de muco) estava presente em pacientes com COVID leve em frequência duas vezes maior do que nos que desenvolveram a forma grave e ainda mais frequente em pessoas acima dos 90 anos resilientes à doença. Essas mutações estariam reduzindo a resposta imune hiperativa contra o vírus, como a produção excessiva de muco, já relacionada às doenças inflamatórias pulmonares. A hipótese é de que indivíduos com maior controle da mucina talvez sejam mais resistentes.
A segunda descoberta tem a ver com o alelo *01:02 do gene HLA-DOB, variante frequentemente encontrada em indivíduos africanos e sul-americanos. Após análises, os cientistas constataram que o HLA-DOB pode interferir no transporte de alguns antígenos para a superfície celular, o que agrava a infecção. Essa variação genética é frequente em infectados, sendo três vezes maior em casos graves da COVID comparados aos casos leves. Por último, uma variante do gene HLA-A tem a função de “escanear” a superfície celular e mostrar para as células de defesa as proteínas contidas nela; isso ocorre duas vezes mais em pessoas gravemente infectadas.