Um estudo científico sobre a história ambiental da Estação Ecológica Jureia-ltatins, uma das áreas de Mata Atlântica mais bem preservadas que existem no Brasil, que foi publicado no início do ano em uma das mais importantes revistas científicas que tratam de variações ambientais na terra, teve participação de um pesquisador bragantino.
O estudo intitulado “Geochemical evidence of the 8.2 ka event and other Holocene environmental changes recorded in paieolagoon sediments, southeastern Brazil — Evidência geoquímica do evento 8,2 ka e outras mudanças ambientais do Holoceno registradas em sedimentos paleolagunais no Sudeste do Brasil -, publicado na revista científica Quaternary Research, editada nos Estados Unidos, contou com a participação de Paulo Eduardo de Oliveira, professor universitário e também diretor do Bragança - Jornal Diário e do Cidade de Bragança.
“Este estudo envolveu pesquisadores de diferentes institutos de pesquisa e universidades brasileiras e uma americana e teve como alvo de estudo a história ambiental da região da Jureia, no litoral sul do Estado de São Paulo. Minha participação envolveu as análises botânicas enquanto outros pesquisadores se concentraram nas análises geológicas, químicas e outras técnicas”, afirma o pesquisador. Segundo ele, o trabalho tem grande importância, pois retrata o comportamento da Mata Atlântica num momento cm que a Terra estava passando por um aquecimento global, depois do término das glaciações. “Por volta de 8.200 anos atrás grandes blocos de geleira no hemisfério norte estavam iniciando sua fragmentação devido ao clima mais quente após a fase de esfriamento global com derretimento de grandes massas de gelo. Isso causou um aumento do nível do mar. No Brasil essa mudança está registrada especialmente após 7.500 anos atrás. Com o aumento global do nível do mar, a Mata Atlântica e seus ecossistemas associados foram afetados pela influência marinha”, afirma.
Um resultado dessas alterações foi a expansão dos manguezais e a retração da floresta de Mata Atlântica em direção à encosta da Serra do Mar. O jornalista bragantino que também é professor de Gestão Ambiental da Universidade São Francisco (USF) e professor colaborador do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP) explica que o projeto foi financiado pela Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e envolveu, além dos pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação em várias instituições científicas. “O grupo envolveu o trabalho de cerca de 15 profissionais, pois trata-se de pesquisa multidisciplinar, onde cada um contribui cora sua, especialidade”, declara.
IMPORTÂNCIA
Segundo o pesquisador bragantino, a importância do estudo deve-se ao fato de que eventos que ocorreram no passado podem auxiliar os cientistas a preverem com maior certeza as mudanças que poderão ocorrer na Terra caso a hipótese do aquecimento global seja realmente comprovada. “O mundo de 8.200 anos atrás era relativamente parecido ao atual, pois enfrentava um derretimento generalizado de grandes geleiras que eventualmente fizeram o nível do mar subir até quase 5 metros na costa brasileira. Ao entender os efeito das mudanças ambientais, os cientistas poderão sugerir aos governos dos países um cenário mais concreto sobre as mudanças que deverão ocorrer na Terra nos próximos 100 anos”, divulga.