Pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) enfrentam dificuldades para realizar exercícios físicos devido ao cansaço, falta de ar e fraqueza muscular. Contudo, um novo estudo brasileiro, coordenado pela professora Fernanda Degobbi Lopes e apoiado pela FAPESP, destaca que a prática regular de atividades físicas é crucial para a reabilitação pulmonar, trazendo benefícios como a diminuição de fatores inflamatórios, aumento da massa muscular e melhora na qualidade de vida. A pesquisa foi realizada durante o pós-doutorado de Juliana Tiyaki Ito-Uchoa no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
O estudo, publicado na revista Pulmonology, revela que a DPOC, frequentemente causada pelo tabagismo, provoca um processo inflamatório crônico que afeta a resposta imune. A pesquisa anterior do grupo de Lopes identificou que fumantes com DPOC apresentam falhas na resposta imune, especialmente nas células de defesa Th17 e Treg, que desempenham papéis opostos na inflamação. A ativação inadequada das células Treg resulta em uma resposta inflamatória exacerbada, contribuindo para a progressão da doença.
A equipe avaliou 20 pacientes com DPOC grave, entre 50 e 80 anos, divididos em grupos de exercícios e controle. O programa de treinamento incluiu 24 sessões de exercícios aeróbicos e de resistência, supervisionados por fisioterapeutas. Os resultados mostraram que o grupo ativo teve um aumento nas células Treg ativadas e uma redução nas células Th17, além de melhorias na força muscular e diminuição da dispneia. Lopes enfatiza que esses achados demonstram que o exercício físico pode melhorar a resposta imune e atenuar os sintomas respiratórios, mesmo em estágios avançados da DPOC.
No Brasil, a DPOC afeta cerca de 15,8% da população acima de 40 anos na Região Metropolitana de São Paulo, sendo a quinta causa de morte entre doenças crônicas não transmissíveis. A condição também representa uma significativa carga no Sistema Único de Saúde (SUS), destacando a importância de intervenções como a atividade física para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.