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Estudo revela que coral invasor é resistente a compostos biocidas de tintas de navios e plataformas (7 notícias)

Publicado em 22 de julho de 2024

Fazer com que navios e plataformas de petróleo durem mais e, ao mesmo tempo, não poluam o meio ambiente é um grande desafio. Por isso, substâncias antimicrobianas têm sido misturadas às tintas aplicadas nesses locais que ficarão submersos para evitar a adesão de animais aquáticos, principalmente em áreas com alto tráfego de embarcações.

Em estudo divulgado na revista Toxics, pesquisadores observaram que indivíduos adultos da espécie Tubastraea coccinea, popularmente conhecida como coral-sol, são resistentes a nanocápsulas à base de DCOIT (4,5-Dicloro-2-octilisotiazol-3(2H)-ona), um dos biocidas anti-incrustantes mais utilizados no mundo depois que as tintas que tinham estanho e metais pesados na composição, como cobre e zinco, foram proibidas por causa da sua alta toxicidade para os animais marinhos.

Isso ajuda a explicar por que essa espécie, considerada invasora, se espalhou de forma tão consistente por cerca de 3,5 mil quilômetros do litoral brasileiro nos últimos anos, além do fato de não haver um predador natural por aqui.

A descoberta é importante porque ajuda a entender o comportamento do animal no oceano Atlântico, já que a espécie veio dos oceanos Pacífico e Índico. Além disso, outros estudos feitos sobre essas substâncias anti-incrustantes geralmente envolvem organismos de águas temperadas ou frias, não havendo dados disponíveis sobre espécies de corais.

Como o DCOIT é altamente tóxico, os pesquisadores têm testado várias formas de utilizá-lo. Materiais desenvolvidos com nanoengenharia estão ajudando a controlar a sua taxa de liberação e reduzir o risco aos organismos aquáticos. Entre os principais resultados, o estudo mostra que a versão revestida com prata (SiNC-DCOIT-Ag) pode ser promissora em relação às demais, que ainda estão em avaliação pelo grupo de pesquisa.

O trabalho é liderado pelo professor Denis Moledo de Souza Abessa, coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição e Ecotoxicologia Aquática (Nepea) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de São Vicente. Também envolve pesquisadores do Instituto Oceanográfico (IO) e do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da Universidade de São Paulo (USP), além do professor Roberto Martins, da Universidade de Aveiro, em Portugal.

Os estudos do grupo receberam financiamento no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP. O trabalho teve ainda entre os autores Isabela Martins e Kátia Cristina Cruz Capel, bolsista de pós-doutorado.

Inovação

O grupo de pesquisa tem estudado como desenvolver tintas mais eficazes, tanto para águas tropicais quanto temperadas. A tecnologia está sendo desenvolvida em parceria com a empresa portuguesa Smallmatek, mas ainda não há previsão para que os produtos cheguem ao mercado.

“A ideia é criar uma tinta que já tenha o anti-incrustante e um anticorrosivo, para aliar a questão econômica à proteção do meio ambiente . A gente tem um ganho econômico, pois a tinta é mais eficiente, mas também um ganho ecológico, ao evitar a incrustação de espécies…

Informações da Agência FAPESP