Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) conduziram um estudo que revela os impactos do estresse excessivo na adolescência nos genes do cérebro, especialmente aqueles relacionados às funções bioenergéticas. As alterações identificadas estão associadas a problemas comportamentais e transtornos psiquiátricos na idade adulta, conforme publicado na revista Translational Psychiatry.
A adolescência é um período de intensas mudanças no corpo e comportamento, e o estudo buscou entender como o estresse nessa fase afeta o perfil de genes expressos no cérebro. Thamyris Santos-Silva, doutoranda em farmacologia pela FMRP e primeira autora do estudo, destaca que o cérebro do rato adolescente é extremamente plástico, e as mudanças nos perfis de expressão de genes podem levar a alterações comportamentais persistentes na idade adulta, correlacionadas a transtornos psiquiátricos.
O córtex pré-frontal, região cerebral suscetível ao estresse durante a adolescência, apresentou menor expressão de genes-chave na função respiratória das mitocôndrias em ratos estressados nessa fase. As mitocôndrias são essenciais na produção de energia para o funcionamento dos neurônios.
O estudo, apoiado pela FAPESP, analisou as consequências comportamentais do estresse em ratos no final da adolescência. Os animais estressados mostraram prejuízos em ansiedade, sociabilidade e função cognitiva. A análise genética revelou alterações nos genes do córtex pré-frontal associados ao estresse oxidativo e à função mitocondrial.
Os pesquisadores planejam investigar se o perfil comportamental identificado pode predizer a resposta ao estresse e o desenvolvimento de doenças psiquiátricas. Além disso, pretendem explorar alterações genéticas para entender melhor a relação entre essas mudanças e o estresse, buscando formas de combatê-las.