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Estudo revela impacto da Covid-19 no sistema cardiovascular de pacientes, incluindo casos leves (62 notícias)

Publicado em 27 de fevereiro de 2025

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) revelou que pessoas que tiveram Covid-19, incluindo casos leves, podem apresentar desequilíbrios significativos no sistema cardiovascular, o que pode exigir programas de reabilitação. A pesquisa, que envolveu 130 voluntários com apoio da FAPESP, constatou que, até seis semanas após a infecção, os participantes mostraram uma drástica queda na variabilidade da frequência cardíaca (VFC), um importante indicador da saúde cardiovascular. Esse índice reflete a capacidade do coração de se adaptar a estressores físicos e emocionais, e valores mais baixos estão associados a dificuldades do coração em ajustar sua frequência conforme as necessidades do corpo.

Embora os participantes testados entre dois e seis meses ou entre sete e 12 meses após a infecção tenham mostrado uma melhoria gradual nos índices de VFC, os valores ainda estavam abaixo dos observados no grupo-controle, composto por pessoas não infectadas pelo SARS-CoV-2. A pesquisa sugere que esses desequilíbrios no sistema cardiovascular podem aumentar o risco de doenças cardíacas, principalmente em indivíduos com fatores de risco como colesterol elevado, hipertensão, obesidade, diabetes e tabagismo.

Além da redução da VFC, os pesquisadores observaram uma predominância do sistema nervoso simpático sobre o parassimpático nos pacientes infectados. Esses dois sistemas controlam funções involuntárias do corpo, como a frequência cardíaca, e um desequilíbrio entre eles pode ser prejudicial à saúde cardiovascular. O sistema simpático aumenta a frequência cardíaca em situações de estresse, enquanto o parassimpático a reduz em momentos de descanso. A Covid-19 parece ter afetado esse equilíbrio, potencializando o risco de complicações cardiovasculares.

A pesquisa também destacou que a dispneia (falta de ar) foi o sintoma mais comum entre os indivíduos com pior modulação autonômica cardíaca, mas outros sintomas, como tosse (47%), fadiga (50%), cefaleia (56%), perda de paladar (53%), ansiedade (62%) e coriza (50%), também foram frequentes. Além disso, observou-se que muitos dos indivíduos mais afetados pela doença não estavam vacinados.

Esses achados reforçam a importância de programas de reabilitação para pacientes que se recuperaram da Covid-19, mesmo para aqueles que tiveram casos leves, pois o impacto no sistema cardiovascular pode ser duradouro e prejudicial à saúde a longo prazo. O estudo contribui para a compreensão dos efeitos da Covid-19 no corpo humano, especialmente em relação ao sistema cardiovascular, e sublinha a necessidade de monitoramento contínuo e intervenções precoces.