A análise do genoma de 2.723 brasileiros revelou mais de 8 milhões de variantes genéticas, destacando a diversidade genética do país. O estudo, publicado na revista Science, foi liderado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e abrangeu todas as regiões do Brasil. Os dados mostram que a ancestralidade europeia predomina, mas a herança indígena e africana também é significativa, especialmente em estados como Amazonas e Bahia.
A pesquisa, parte do projeto DNA do Brasil, foi iniciada em 2019 e contou com o apoio do Ministério da Saúde. Os pesquisadores identificaram que a ancestralidade indígena é equivalente ou superior a 25% em estados do Norte, enquanto a ancestralidade africana chega a quase 50% na Bahia. A análise do cromossomo Y, que representa a linhagem paterna, mostrou que 71% das linhagens são de origem europeia, enquanto o DNA mitocondrial, que reflete a linhagem materna, apresenta 42% de ancestralidade africana e 35% indígena.
Os resultados têm implicações importantes para a saúde pública. Foram identificadas 36.637 variantes com potenciais efeitos nocivos, que podem estar associadas a doenças como câncer e disfunções metabólicas. A pesquisa também destaca a necessidade de desenvolver políticas de saúde adaptadas à diversidade genética da população brasileira, que é frequentemente sub-representada em bancos de dados globais.
Os pesquisadores ressaltam que a diversidade genética do Brasil, resultante da miscigenação entre indígenas, africanos e europeus, é um campo fértil para novas descobertas científicas. O estudo não apenas amplia o conhecimento sobre a genética brasileira, mas também pode contribuir para a medicina personalizada, permitindo diagnósticos e tratamentos mais eficazes para a população.