Um estudo recente realizado no Laboratório de Terapêutica Experimental do Hospital das Clínicas da FMUSP (LIM 20) revelou descobertas inovadoras sobre o impacto do exercício físico em indivíduos que sofrem de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
A DPOC, causada principalmente pelo tabagismo, é uma doença pulmonar crônica caracterizada por inflamação persistente e fluxo de ar limitado. A progressiva redução da capacidade respiratória e consequente déficit na aptidão física prejudicam as atividades laborais e cotidianas, tendo grande impacto econômico.
O estudo, conduzido durante o pós-doutorado de Juliana Tiyaki Ito-Uchoa e liderado pela Pesquisadora Científica Fernanda Degobbi Lopes, envolveu a análise de um grupo com 50 pacientes portadores de DPOC grave ou muito grave. Metade do grupo recebeu o tratamento usual (Grupo controle) e a outra metade passou por um programa de exercícios personalizado ao longo de 8 semanas (Grupo exercício). Os resultados foram notáveis: os participantes que se envolveram em atividade física regular experimentaram melhora significativa na força muscular e aptidão física, bem como um aumento na atividade das células anti-inflamatórias e diminuição das células pró-inflamatórias.
Estudos anteriores, também coordenados por Lopes, revelaram que pacientes com DPOC possuem uma resposta imunológica desequilibrada, apresentando aumento da resposta mediada por Th17, um tipo de linfócito que estimula o processo inflamatório. Ao passo que há uma redução na resposta anti-inflamatória mediada pelas células Treg, outro tipo de linfócitos. No estudo atual os pesquisadores conseguiram demostrar que o exercício físico ajuda a restaurar esse equilíbrio, promovendo um ambiente imunológico mais saudável.
Essas descobertas têm implicações profundas para o gerenciamento da DPOC. Tradicionalmente, pessoas com DPOC são desestimuladas a praticar atividade física devido a preocupações sobre a exacerbação de seus sintomas. No entanto, a pesquisa do grupo de Lopes sugere que o exercício deve ser uma pedra angular na reabilitação da DPOC. Ao incorporar exercícios regulares em suas rotinas, os pacientes com DPOC podem experimentar inúmeros benefícios, incluindo: melhora da função pulmonar, aumento da força muscular, redução da inflamação e consequente melhora na qualidade de vida.
A pesquisa fornece forte evidências de que o exercício é uma ferramenta poderosa para controlar a DPOC. Ao entender os mecanismos pelos quais o exercício melhora os resultados de saúde, os profissionais de saúde podem desenvolver planos de tratamento mais eficazes e capacitar os pacientes com DPOC a viver vidas mais saudáveis e gratificantes.
O artigo completo intitulado Effect of exercise training on modulating the TH17/TREG imbalance in individuals with severe COPD: A randomized controlled trial foi publicado na revista Pulmonology e pode ser acessado em: .