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Estudo propõe nova estratégia para preservar a diversidade genética da Amazônia (8 notícias)

Publicado em 26 de maio de 2025

De acordo com estudo conduzido na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), estratégias específicas para cada espécie de árvore são mais eficazes para manter a diversidade genética da floresta amazônica do que os critérios generalistas adotados pela legislação brasileira. Os resultados das investigações foram publicados no periódico Forest Ecology and Management.

Como explicam os autores, a proximidade entre as árvores é crucial para facilitar o fluxo gênico dentro das populações florestais. Definido como a transferência de genes entre indivíduos da mesma espécie, o fluxo gênico é essencial para a adaptação e a sobrevivência da população.

Financiada pela FAPESP (projetos 23/07753-6, 24/14406-3 e 23/14668-5), a pesquisa analisou o impacto da exploração madeireira com base no diâmetro mínimo de corte (DMC), regra que define o tamanho mínimo das árvores que podem ser retiradas. Os cientistas avaliaram se as árvores que permanecem na floresta após o corte ficaram próximas o suficiente para garantir a troca de pólen e a diversidade genética.

Para aprofundar a análise, o estudo utilizou modelos de simulação e propôs um novo critério, chamado “distância mínima de corte”, que considera a proximidade entre as árvores remanescentes. Os pesquisadores compararam esse método com os critérios atuais, avaliando seu impacto tanto na diversidade genética quanto no volume de madeira coletado.

O estudo foi conduzido em quatro áreas amazônicas de manejo florestal legal. Duas delas pertencem a empresas privadas certificadas no Estado do Amazonas. Outras duas, uma no Pará e outra em Rondônia, fazem parte de concessões florestais. Juntas, as quatro áreas totalizam 48.876,35 hectares.

Os resultados mostram que critérios específicos para cada espécie e área são mais eficientes do que regras generalistas, que utilizam o mesmo padrão para todas as árvores. Segundo os autores, a adoção de abordagens personalizadas pode contribuir para um manejo florestal mais sustentável, garantindo a conservação da biodiversidade e a continuidade dos serviços ecossistêmicos da Amazônia.

“O estudo reforça a necessidade de revisão das normas de exploração madeireira, incentivando políticas que aliem produção e conservação ambiental”, relatou à assessoria de imprensa da Esalq o professor Edson Vidal, um dos autores do artigo.

“Manter distâncias adequadas entre as árvores promove a polinização cruzada, resultando em um aumento na variabilidade genética. Essa variabilidade é fundamental para a resiliência da população a mudanças ambientais, como a incidência de doenças e pragas. Isso torna mais eficaz esse critério de distância mínima de corte”, resume Vidal.

O artigo Maintaining genetic diversity in the Amazon: Species-specific strategies are more effective for managed forests than generalist criteria in Brazilian legislation pode ser lido em: www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0378112725000763?via%3Dihub.