Um estudo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) com avanços no estudo de tratamento de epilepsia foi premiado no Congresso da Liga Brasileira de Epilepsia. Ele mostra uma resposta positiva à resposta do paciente com a doença.
Dosar um conjunto de metabólitos produzidos em uma região cerebral chamada hipocampo pode ajudar os neurologistas a avaliar se pacientes com epilepsia do lobo temporal a forma mais comum da doença em adultos estão respondendo ou não ao tratamento farmacológico.
O desenvolvimento de um método para fazer essa análise de forma não invasiva, usando espectroscopia por ressonância magnética, é o objetivo de uma pesquisa realizada no âmbito do Instituto Brasileiro de Neurociências e Neurotecnologia - um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão financiados pela FAPESP e sediado na Unicamp.
"A epilepsia do lobo temporal geralmente está associada a uma lesão no hipocampo, região cerebral relacionada à memória. Nosso objetivo é em casos em que existe um tipo de lesão conhecido como esclerose hipocampal avaliar os efeitos do controle farmacológico das crises sobre o metabolismo cerebral", afirmou a pós-doutoranda Luciana Ramalho Pimentel da Silva, responsável pelo projeto.
MÉTODO TRADICIONAL
Segundo a pesquisadora, para alguns dos pacientes em que o tratamento medicamentoso não é bem-sucedido, recomenda-se a remoção cirúrgica da área cerebral lesionada como alternativa de controle das crises. Nem sempre isso é possível, porém, dependendo da região em que a lesão está.
O grupo faz uso da espectroscopia de prótons por ressonância magnética para quantificar no hipocampo compostos químicos que atuam como indicadores de alterações estruturais e funcionais nos neurônios, como o N-acetilaspartato, colina, fosfocolina, glutamato e glutamina.
"Por ser uma técnica não invasiva, foi possível obter informações sobre processos celulares e moleculares em pacientes de perfil variado, até mesmo aqueles que não são candidatos à cirurgia. Nesses casos, não teríamos acesso às amostras cirúrgicas do tecido nervoso e o estudo não seria possível de outro modo", disse Silva.
Os achados mostram, segundo a pesquisadora, que as alterações metabólicas no hipocampo de pacientes com epilepsia do lobo temporal diferem de acordo com o lado em que a lesão está localizada e com o grau de resposta ao tratamento farmacológico. O estudo foi feito com 92 pacientes e outros 50 voluntários sem epilepsia.