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Estudo na UFSCar avalia efeito do canabidiol no controle da ansiedade em pessoas acometidas pelo mal de Parkinson (1 notícias)

Publicado em 16 de maio de 2017

O docente Marcos Hortes, do Departamento de Gerontologia (DGero) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), é orientador de uma pesquisa que pretende conhecer o efeito da substância chamada canabidiol no combate à ansiedade em pacientes acometidos pelo Parkinson, doença progressiva do sistema neurológico que afeta principalmente o cérebro de pessoas na terceira idade. O Parkinson é caracterizado, principalmente, por prejudicar a coordenação motora e provocar tremores e dificuldades para caminhar e se movimentar.

O canabidiol é um dos principais componentes da maconha, mas seu efeito no organismo não leva a quadros de psicose ou alucinação, que são provocados por uma outra substância chamada THC. "O canabidiol tem o efeito antagônico ao THC que possui as propriedades psicoativas da maconha", explica Hortes. O canabidiol tem sido usado em diversos tipos de tratamento, como em casos de epilepsia em crianças e seu uso foi autorizado no Brasil, apesar de o produto ser importado.

De acordo com Marcos Hortes, pesquisas anteriores já apontaram para o efeito neuroprotetor do canabidiol em idosos com Parkinson, que relataram melhora na qualidade de vida, do sono, de sintomas de depressão e ansiedade. "Nossa pesquisa pretende, agora, fazer uma análise específica no uso do canabidiol no controle da ansiedade em parkinsonianos e checar o quanto esse efeito pode reduzir os tremores que acometem esses pacientes", relata Hortes. De acordo com o professor, o tremor é um efeito natural do Parkinson, mas que é aumentado no caso de pacientes com a doença que também sofrem com a ansiedade.

Os voluntários passarão por um teste de simulação de falar em público, que induz a pessoa à ansiedade. O teste será aplicado duas vezes em dias diferentes. Em um dos dias, o voluntário receberá uma dose do canabidiol e no outro dia receberá um medicamento placebo (remédio de farinha). A ideia é comparar se os tremores diminuem quando os pacientes recebem as medicações. Além da simulação, os pesquisadores também farão medida da pressão arterial e da frequência cardíaca durante o teste e avaliação cognitiva dos indivíduos antes da simulação. Os voluntários podem ser homens ou mulheres com Parkinson, em qualquer idade, que não tenham quadros cognitivos e comorbidades clínicas graves, que estejam utilizando doses estáveis de medicamento antiparkinsoniano e não façam uso de ansiolíticos (calmantes). "Os testes não têm nenhuma interferência no tratamento dos pacientes", afirma Hortes.

A pesquisa é realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), em Ribeirão Preto, pela aluna Stephanie Martins de Faria, gerontóloga formada na UFSCar. A coleta de dados junto aos voluntários é realizada no DGero e conta com a participação de Daiene de Morais, mestranda em Psicologia na UFSCar. O trabalho também tem a participação de pesquisadores da FM-USP, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP-São Carlos e de Paula Castro, professora do DGero da UFSCar. O estudo, intitulado "Efeitos da administração aguda do canabidiol na ansiedade e nos tremores induzidos pelo teste de simulação de falar em público em pacientes com doença de Parkinson", conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

A expectativa é confirmar a ação do canabidiol no combate à ansiedade e, por consequência, na diminuição dos tremores causados pela ansiedade em portadores de Parkinson. "Com isso, nossa expectativa é que o canabidiol possa ser usado no tratamento da doença, no entanto, sem os efeitos colaterais que os medicamentos mais conhecidos provocam", finaliza o docente. Os interessados em participar da pesquisa podem entrar em contato com os pesquisadores pelos e-mails stephanie.gerontologia@gmail.com e mhortes@hotmail.com.