A cidade de São Paulo tem mais apartamentos que casas. Apesar de conhecida por seus arranha-céus, a virada vertical na maior metrópole do país ocorreu apenas em 2020. Os dados foram reunidos por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) com base nos registros oficiais de propriedades imobiliárias da Secretaria da Fazenda Municipal, utilizados para lançamento do IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano).
Os pesquisadores analisaram informações entre 2000 e 2020, série histórica disponibilizada pela prefeitura apenas em 2019. O número de imóveis residências horizontais passou de 1,23 milhão de unidades para 1,37 milhão no período, alta de 35%. Já as verticais passaram de 767 mil unidades para 1,38 milhões de imóveis, crescendo 97%. O estudo mostra predominância de residências de médio padrão, seguidas pelas de baixo e depois pelas de alto.
Por utilizar dados do IPTU, o estudo não considera as moradias irregulares em favelas e cortiços. Elas são estimadas em 27% do total da cidade no estudo, levando em conta estimativas da própria prefeitura.
Os pesquisadores destacam poucas interferências das mudanças no plano diretor e lei de zoneamento na evolução da verticalização. A exceção é o alto número de demolições entre 2014 e 2016, anos de mudanças nas regras. “Há sinais de que isso envolveu volumes elevados de demolições residenciais de baixo padrão que alimentaram a expansão vertical de médio e alto padrões”, diz o estudo.
Um dos autores do trabalho, o pesquisador Guilherme Minarelli lembra que a verticalização é um processo já enfrentado por outras grandes cidades mundiais e pode ser vista sob aspectos positivos e negativos. “Dependendo da forma como ela acontecer, a verticalização pode sobrecarregar a infraestrutura ou adensar demais determinada região. Mas ela pode também compactar a cidade, tornar mais próximo trabalho e residência e melhorar o uso dos serviços públicos de qualidade que já existem na cidade.”
“A verticalização residencial é realidade em cidades de todo o mundo. São Paulo não difere disso. Mas temos que pensar a forma como ela está sendo feita e como regular isso para garantir qualidade de vida para a maior parte dos habitantes.”
Guilherme Minarelli, pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole
Ele afirma que é por isso que as políticas de planejamento urbano precisam levar em consideração a transformação do padrão da cidade, para pensar acesso ao transporte, educação, lazer e trabalho. “A perspectiva de longo prazo é continuar a verticalização.”
O Centro de Estudos da Metrópole deve publicar nos próximos meses novas análises, que envolvam também a população residente e infraestrutura disponível na capital.
© Roberto Casimiro /Fotoarena/Folhapress nublado_ são paulo_ sp_ tempo_ clima_ prédios_ av paulista (Foto: )