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Observatório do 3° Setor

Estudo mostra efeito do cigarro eletrônico na saúde bucal (78 notícias)

Publicado em 14 de fevereiro de 2025

Os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), também conhecidos como vape ou cigarros eletrônicos, alteram a composição da saliva dos usuários e aumentam o risco de doenças bucais, segundo estudo realizado no Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (ICT-Unesp) e apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A pesquisa constatou baixa viscosidade da saliva dos fumantes, prejudicando na proteção e hidratação da mucosa bucal. 

Feito em colaboração com cientistas das universidades de São Paulo (USP) e de Santiago de Compostela, na Espanha, o estudo observou outras peculiaridades entre os consumidores de cigarros eletrônicos. Por exemplo, o baixo fluxo salivar, que pode aumentar casos de lesões como a cárie.

Para chegar a esses dados, os pesquisadores selecionaram 50 jovens sem alterações clínicas visíveis na mucosa oral, com média de idade entre 26 e 27 anos. Entre eles, 25 eram usuários regulares e exclusivos de cigarros eletrônicos, há pelo menos seis meses, e os outros 25 não usavam o dispositivo.

“A saliva é um protetor muito importante. E nós podemos avaliar muitos parâmetros relacionados a várias doenças por meio da saliva. Além disso, a coleta da amostra é um procedimento simples, não invasivo e de baixo custo. Assim, essa é uma técnica promissora para a identificação de biomarcadores salivares que possam indicar início de problemas”, disse Janete Dias Almeida à Agência Fapesp. Ela é professora titular do Departamento de Biociências e Diagnóstico Bucal da Unesp e coordenadora do estudo.

Malefícios associados ao vape

Fora o esse trabalho da Unesp, diversos estudos recentes apontam para os riscos à saúde associados ao uso dos cigarros eletrônicos. Em fevereiro de 2024, a Sociedade Brasileira de Cardiologia se posicionou contra o consumo desses dispositivos, em relatório chamado “10 Razões para manter a proibição dos DEFs”.

Entre os tópicos, o documento cita pesquisas que indicam uma relação direta entre o uso de cigarros eletrônicos e o incremento no risco cardiovascular. O relatório destaca o vínculo da presença de nicotina nesses dispositivos com o aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial e intensificação do estresse oxidativo.

Consumo de cigarro eletrônico no Brasil

Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil desde 2009, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desse modo, é ilegal a comercialização, fabricação, importação, transporte, armazenamento e propaganda de todos os DEFs.

No ano passado, a agência atualizou a regulação de cigarro eletrônico, mantendo a proibição. Afinal, os cinco diretores da Anvisa votaram para continuar a vedação no país. No entanto, a medida não impede o crescimento de usuários.

A quantidade de brasileiros consumidores regulares de cigarros eletrônicos cresceu nos últimos anos, com quase 3 milhões de usuários em 2023, conforme levantamento do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica). No ano anterior, a mesma pesquisa mapeou cerca de 2,2 milhões de consumidores ativos.