Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) identificaram que um biomarcador chamado mesotelina pode prever a mortalidade entre pacientes com câncer pulmonar agressivo e exploraram seu potencial terapêutico contra tumores do tipo mesotelioma pleural maligno. A professora Vera Luiza Capelozzi, do Departamento de Patologia da FMUSP, detalhou a pesquisa e analisou a importância desse marcador.
Segundo a professora Capelozzi, a pleura é uma membrana que reveste os pulmões, mantendo sua expansibilidade e elasticidade durante a respiração. Ela explica que a exposição a materiais como amianto, que contém fibras de asbesto, pode causar reações inflamatórias, resultando em mesotelioma maligno após cerca de 20 anos.
Esse tipo de mesotelioma é extremamente agressivo, com uma sobrevida média dos pacientes entre seis e 13 meses, afetando todas as estruturas do tórax, incluindo pulmões e coração. Apesar de não haver um tratamento efetivo específico, os pacientes geralmente recebem quimioterapia, que pode funcionar temporariamente, mas raramente por mais de 18 meses. “ O tumor pode acabar comprometendo outras regiões do tórax” , acrescenta a professora.
Proteína Mesotelina e Pesquisa
A professora Capelozzi destaca que a mesotelina, um gene codificado pela célula mesotelial, atrai células linfoides T e linfócitos, essenciais no combate aos cânceres. Anteriormente, essa proteína era estudada principalmente em animais, mas a equipe da FMUSP decidiu investigar seus efeitos em pacientes humanos.
“Nós analisamos 82 casos de pacientes expostos ao asbesto, e a mesotelina emergiu como uma prática terapêutica promissora, potencialmente inibindo o crescimento e invasão dos tecidos tumorais”, explica Capelozzi.
Resultados e Próximos Passos
A mesotelina esteve presente em mais de 70% dos pacientes estudados. O tratamento com um medicamento combinado gera um anticorpo que se agrega à mesotelina, induzindo uma resposta imunológica ideal para a destruição do tumor, principalmente através dos linfócitos CD8.
“Os próximos passos são os ensaios clínicos, mas o rápido falecimento dos pacientes dificulta o acompanhamento até o estágio 3, geralmente não ultrapassando os estágios 1 e 2. Precisamos de mais tempo para recrutar e agregar mais pacientes, permitindo uma comparação eficaz deste tratamento com outros “, conclui a professora.