Segundo levantamento do Fapesp Shell RCGI, estado poderia usar GNL para substituir outras fontes de energia nos principais setores da economia
O Mato Grosso tem uma boa oportunidade de aproveitar o gás natural como fonte de energia eficiente para impulsionar a economia do estado. Segundo estudo do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), há potencial para o consumo de 2,1 milhões de m³/dia no estado para substituição de diesel, eletricidade e óleo combustível nos três principais setores de atividade econômica local (agronegócio, indústria e transporte).
O estudo de viabilidade considerou os gastos com a implementação da planta de liquefação, das unidades de regaseificação e o custo do transporte do GNL para cada uma das cinco regiões pesquisadas no Mato Grosso. A regaseificação poderia ser realizada em pontos centrais de cada região, ou diretamente nas unidades de produção de cada cliente.
A pesquisa levou em conta, ainda, a possibilidade de utilizar o ramal Lateral Cuiabá do gasoduto Brasil-Bolívia, hoje sem uso, para distribuir o gás natural na forma liquefeita, por caminhão, para as principais regiões do Mato Grosso.
Segundo Dorival Santos Jr., um dos pesquisadores do projeto, a estrutura existente é capaz de absorver esse volume. “A capacidade do ramal é de 4 milhões de m³/d, e estimamos que seria possível transporte de pequena escala por caminhões, de até 3 milhões de m³/d”, afirma.
Santos explica que o potencial de substituição varia de acordo com o segmento econômico e a fonte de energia em uso. A maior taxa de substituição acontece no setor agrícola, que poderia absorver até 1,2 milhão de m³/dia, seguido pela indústria, com 500 mil m³ diários. Com isso, poderia haver uma redução significativa no custo da energia no estado. “O gás natural sairia até 50% mais barato do que a eletricidade ou o diesel para a indústria e o agronegócio, por exemplo”, diz.
Hoje, o gás natural representa apenas 0,01% da matriz energética do estado. O gás natural que chegaria pelo ramal Lateral Cuiabá do Gasbol seria usado para abastecer a termelétrica Mario Covas, de 400 MW de potência, que foi comprada pelo grupo J&F em 2015 e se encontra parada por causa de complicações judiciais.