Notícia

Folha Vitória online

Estudo inovador pesquisa Alzheimer em pessoas com síndrome de Down (30 notícias)

Publicado em 30 de setembro de 2024

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) identificaram, por meio de técnicas de medicina nuclear, a presença de neuroinflamação e de placas beta-amiloides em pessoas com síndrome de Down, fatores associados ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. Utilizando tomografia por emissão de pósitrons (PET) com radiofármacos específicos, o estudo foi o primeiro a mapear a neuroinflamação nessa população.

Segundo Daniele de Paula Faria, pesquisadora do Laboratório de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o estudo é inédito ao investigar padrões de neuroinflamação em cérebros de pessoas com síndrome de Down. A pesquisa faz parte de um projeto realizado em colaboração com o Instituto Jô Clemente e avaliou indivíduos de diferentes idades.

Estudos anteriores já indicavam que o processo de envelhecimento em pessoas com síndrome de Down ocorre de forma acelerada, com menopausa precoce e diagnóstico de Alzheimer a partir dos 40 anos. Essa população apresenta uma produção maior de beta-amiloide, já que o gene da proteína precursora amiloide (APP) está localizado no cromossomo 21, que é triplicado na síndrome. No entanto, pouco se sabia sobre os padrões de neuroinflamação.

O estudo também envolveu experimentos com camundongos geneticamente modificados para apresentar uma condição semelhante à síndrome de Down. Os pesquisadores acompanharam a progressão da neuroinflamação e das placas beta-amiloides ao longo de dois anos nesses animais, observando o processo de envelhecimento de maneira mais rápida, devido ao ciclo de vida reduzido dos roedores.

Os dados foram apresentados por Faria durante o Simpósio de Imagem Molecular, realizado no Instituto de Radiologia da USP. O evento marcou os dez anos da primeira imagem de amiloide obtida no Brasil, resultado de um projeto liderado por Geraldo Busatto Filho, coordenador do LIM21.

A metodologia, validada no Brasil, utiliza radiofármacos para visualizar as placas beta-amiloides e a neuroinflamação no cérebro, sendo considerada uma ferramenta importante para diferenciar a doença de Alzheimer de outras demências e para estudar sua progressão em populações específicas, como pessoas com síndrome de Down.

Na ocasião, Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP, destacou a importância do projeto para a ciência no estado de São Paulo, citando o financiamento estável, o corpo de pesquisadores qualificados e as instituições de excelência como fatores que fortalecem o desenvolvimento científico na região. Zago também enfatizou a necessidade de atrair jovens cientistas e mencionou oportunidades de financiamento para novos projetos de pesquisa.