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Jornal Brasil

Estudo indica presença de compostos poluentes no organismo de tartarugas

Publicado em 24 julho 2014

Por Assessoria de Imprensa do Cena

Resultados das análises da bióloga Silmara Rossi em tartarugas-verdes acometidas, ou não, por uma doença tumoral, a fibropapilomatose, capturadas em cinco regiões monitoradas pelo Projeto Tamar-ICMBio, indicaram exposição a compostos poluentes e sua provável acumulação no organismo dos animais amostrados. O objetivo da pesquisa, realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, foi o de estudar aspectos relacionados à imunossupressão causada por esta doença, além de verificar a presença de compostos orgânicos chamados de bifenilas policloradas (PCBs).

“Utilizados em transformadores, capacitores, fluídos de transferência de calor e como aditivos na formulação de plastificantes, tintas, adesivos e praguicidas, os PCBs estão proibidos no Brasil desde 1981, porém 31% da sua produção mundial atingiu o meio ambiente. Como possuem a capacidade de se acumularem nos seres vivos, podem causar diversos efeitos em sua saúde e, por isso, podem estar relacionados com o desenvolvimento da fibropapilomatose nas tartarugas verdes”, explica Silmara. A tese teve orientação da professora Eliana Reiko Matushima. Já as análises da presença de PCBs foram realizadas no laboratório de Ecotoxicologia, do Cena, sob a supervisão do professor Valdemar Luiz Tornisielo.

As tartarugas-verdes, da espécie Chelonia mydas, foram capturadas com a colaboração das equipes do Projeto Tamar-ICMBio, nas cidades de Florianópolis (Santa Catarina), Ubatuba (São Paulo), Vitória (Espírito Santo) e Almofala (Ceará), além da ilha de Fernando de Noronha (Pernambuco), e contribuíram para possibilitar a obtenção das amostras sanguíneas das tartarugas.
Fibropapilomatose

Durante três anos, entre agosto de 2010 e novembro de 2013, foram coletadas amostras e os resultados obtidos em 49 animais indicaram 33 com fibropapilomatose para aqueles que tiveram analisadas a atividade dos leucócitos e provenientes de Ubatuba. Já nas 80 tartarugas que tiveram os PCBs analisados, 59 não apresentaram fibropapilomatose e 21 tiveram a doença identificada.

“Os animais acometidos tiveram maiores concentrações dos compostos, com algumas exceções para as tartarugas capturadas em Vitória. Correlações indicaram que conforme aumentou a concentração de PCBs nas amostras, aumentou a atividade dos linfócitos. Porém, outros experimentos ainda precisam ser realizados para confirmar a relação dos poluentes com a fibropapilomatose”, afirmou Silmara.

A tese de doutorado, denominada Análise da atividade de leucócitos e de bifenilas policloradas aplicada ao estudo da fibropapilomatose em Chelonia mydas (Testudines, Cheloniidae) (Linnaeus, 1758), contou com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Silmara integrava o Programa de Pós-Graduação Interunidades Cena/Esalq, na área de concentração de Ecologia Aplicada.


Fonte: Assessoria de Imprensa do Cena