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Estudo FMUSP alerta: cerca de um em cada três transtornos psiquiátricos em adolescentes brasileiros pode ter origem na infância (62 notícias)

Publicado em 07 de fevereiro de 2025

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em parceria com a Universidade de Bath, no Reino Unido, revelou uma forte ligação entre traumas na infância e o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos na adolescência. Publicada na revista The Lancet Global Health , a pesquisa analisou dados de mais de 4 mil jovens brasileiros e identificou que mais de 80% deles vivenciaram ao menos um evento traumático até os 18 anos.

Os resultados indicam que o risco de desenvolver transtornos mentais, como ansiedade, depressão e transtornos de conduta, aumenta conforme a exposição a diferentes tipos de traumas. Estima-se que 30,6% dos diagnósticos aos 18 anos estejam relacionados a experiências traumáticas na infância. Entre os eventos analisados estão acidentes graves, desastres naturais, violência doméstica, abuso físico e sexual, e a perda de um dos pais.

O trabalho foi conduzido pela Profa. Dra. Alicia Matijasevich, da Faculdade de Medicina da USP, e pela Profa. Dra. Sarah Halligan, da Universidade de Bath, com a colaboração da estudante de doutorado Megan Bailey, primeira autora do estudo, e contou ainda com a participação de pesquisadores brasileiros e britânicos.

“Os traumas na infância e adolescência têm um impacto significativo na saúde mental. Nossos achados ressaltam a importância de estratégias de prevenção e intervenção precoce para mitigar os efeitos desses eventos ao longo da vida adulta”, afirmou a Dra. Alicia Matijasevich, professora associada do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP e coautora do artigo.

A pesquisa também destaca que, embora existam estudos sobre o impacto de traumas infantis em países de alta renda, há uma escassez de evidências em países de baixa e média renda, onde a prevalência de adversidades na infância é maior e os serviços de saúde mental são mais limitados.

“A exposição à violência e outros eventos adversos é um fator de risco crucial para o desenvolvimento de transtornos mentais. Isso reforça a urgência de investir em políticas públicas voltadas à prevenção e ao apoio psicológico para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade”, enfatizou Megan Bailey.

A pesquisa analisou a base de dados da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004, um estudo que acompanha um grande grupo de pessoas e avalia os efeitos dos fatores de risco sobre a saúde. Realizada no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, foi financiada por instituições brasileiras e internacionais, como o CNPq, a FAPESP, a UK Research and Innovation (UKRI) e a Universidade de Bath.

O estudo completo pode ser acessado AQUI.

Informações Assessoria de Imprensa