No Brasil, os VMPs surgiram na década de 1970, com as redes de fast-food, apesar do custo maior para o consumidor na comparação com o produto in natura
Um estudo realizado por pesquisadores das faculdades de Ciências Farmacêuticas, de Saúde Pública e de Agricultura da Universidade de São Paulo descobriu que os vegetais minimamente processados (VMPs) podem provocar doenças perigosas. Sinônimo de praticidade, essas verduras e legumes previamente ‘higienizados’, embalados e prontos para o consumo contêm altas concentrações de bactérias como Escherichia coli, Salmonella spp. e Listeria monocytogenes.
Segundo o estudo, esses VMPs apresentam taxas de contaminação por Escherichia coli que variam de 0,7% até 100%. Esse é um microorganismo associado às fezes. Em termos de Salmonella spp. a contaminação chega a 26,7% das amostras. No caso da Listeria monocytogenes esse índice atinge até 33,3%.
Cortados, ‘higienizados’ e vendidos em embalagens fechadas, os VMPs permitem o preparo mais rápido das refeições e reduzem o desperdício, porque costumeiramente todo conteúdo é utilizado de uma vez.
“Os VMPs passam pela desinfecção na indústria, mas há falhas que podem colocar em risco a saúde dos consumidores. É preciso controle rigoroso para evitar a contaminação”, explica Daniele Maffei, professora da Escola Superior de Agricultura da USP e coautora do artigo.
“As indústrias têm a responsabilidade de disponibilizar produtos com qualidade e segurança microbiológica. Embora lavar novamente o produto em casa possa ser considerado desnecessário, o consumidor deve reforçar a segurança”, sugere Maffei.
Como geralmente são ingeridos crus, a forma segura de eliminar esses microrganismos é incluir sanitizantes, como o cloro, na água de lavagem de verduras e legumes.
Quando feito de forma correta, o processamento mínimo retarda a perda de nutrientes e as alterações na textura, cor, sabor e aroma dos vegetais, além de evitar a deterioração microbiana.
Uma grande variedade de vegetais pode ser processada, incluindo folhas verdes como rúcula, alface e espinafre, e vegetais como brócolis e couve-flor, além de tubérculos como cenoura e beterraba.
No Brasil, os VMPs surgiram na década de 1970, com as redes de fast-food, apesar do custo maior para o consumidor na comparação com o produto in natura. Os vegetais são importantes fontes de vitaminas, minerais e fibras.
“Como o crescimento do mercado de VMPs é uma tendência, torna-se essencial regulamentar a forma como são produzidos e vendidos através de legislações específicas”, alerta a professora, que pesquisa o tema desde 2012.
Além de Maffei, assinam o artigo publicado agora na revista científica Foods os pesquisadores Jéssica Finger, Isabela Santos, Guilherme Silva, Mariana Bernardino e Uelinton Pinto, vinculados à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP.