SÃO PAULO - A vacina CoronaVac se mostrou efetiva contra a variante P1 durante o estudo de vacinação em massa que o Instituto Butantan realizou na cidade de Serrana, no interior de São Paulo, para averiguar os resultados da imunização contra a Covid usando esse produto. A conclusão está nos dados apresentados pelos cientistas nesta segunda-feira.
Os pesquisadores do Projeto S, como se chama a iniciativa pioneira no mundo, notaram que no momento da aplicação da primeira dose de CoronaVac nos moradores da cidade a variante P1 do vírus Sars-CoV-2, que foi identificada primeiro no Amazonas, já circulava na região, mas ainda não era protagonista. Até ali, em fevereiro, a linhagem era responsável por cerca de 30% dos episódios.
Em março, na hora em que os participantes do estudo receberam a segunda dose, porém, a P1 já dominava, em cerca de 80% dos casos. No mês seguinte, ela quase não deixou espaço para nenhuma outra variante e, em maio, respondeu por 100% das infecções mapeadas na pesquisa.
Isso demonstra ainda que, felizmente, o uso amplo da vacina no município não provocou uma pressão de seleção genética do vírus, o que poderia contribuir para o surgimento de novas cepas, e era um ponto de preocupação dos cientistas, destacou Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Butantan.
— Todos os resultados que estamos mostrando a vocês são na vigência de uma epidemia predominantemente pela variante P1, então essa é a uma confirmação de algo que já sabíamos: que essa vacina é efetiva diante da variante P1 — disse. — E nós não vimos o surgimento de novas variantes. Esse era um dos receios, de que ao introduzir um programa de vacinação poderíamos fazer uma pressão genética de seleção de vírus, que poderiam virar resistentes, mas nós não vimos essa situação e podemos falar tranquilamente que até o momento não foi a vacinação que gerou a mudança e a emergência de uma nova variante — ressaltou.
Mortes caem 95%
Nesse cenário de domínio da P1 em que a CoronaVac foi posta à prova em Serrana, os resultados encontrados foram capazes de controlar a epidemia na cidade, conforme divulgado na noite de domingo no programa “Fantástico” (Globo) e em entrevista coletiva nesta segunda-feira. Segundo o Instituto Butantan, depois do fim da vacinação, o índice de mortes por Covid caiu 95% no município.
O Globo