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Estudo em Araçatuba revela fármaco que melhora imunidade de cães com Leishmaniose (1 notícias)

Publicado em 14 de julho de 2013

Um estudo feito na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba (FMVA) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) foi destaque na revista internacional Acta Tropica - a publicação revela temas relevantes para a saúde humana e animal. Na pesquisa ficou constatado que um fármaco desenvolvido no Brasil denominado P-MAPA melhorou o estado clínico e a imunidade de cães com leishmaniose. A droga poderia ser usada como coadjuvante no tratamento convencional.

Para a pesquisa foram selecionados 20 animais que apresentavam pelo menos três sinais característicos da doença, entre eles emagrecimento acentuado, alopecia, crescimento anormal das unhas e lesões de pele, em especial na ponta das orelhas. Após a confirmação do diagnóstico, os cães foram separados em dois grupos. Metade foi tratada com injeções intramusculares de P-MAPA durante 45 dias. A outra metade recebeu apenas placebo durante o mesmo período. A professora da FMVA e coordenadora da pesquisa Valéria Marçal Felix de Lima disse que o grupo tratado apresentou uma clara melhora clínica, especialmente relacionada ao ganho de peso e massa muscular, recuperação das lesões cutâneas e crescimento de pelos em áreas de alopecia. "Também analisamos uma série de parâmetros para ver se a imunidade celular havia aumentado", contou Valéria.

Segundo a pesquisadora, nos animais infectados, a imunidade celular tende a diminuir à medida que a doença progride, o que favorece o aumento da carga parasitária. Para verificar se a droga era capaz de evitar esse quadro, os pesquisadores realizaram uma biópsia de pele da orelha dos animais e analisaram a carga parasitária nas amostras.

Ao final do tratamento, os cães tratados com P-MAPA mostraram redução na carga parasitária de cem vezes comparado ao observado no início do tratamento. Além disso, comparado ao grupo controle, o tratamento com P-MAPA estimulou cinco vezes mais a produção de uma citocina, responsável por ativar as células de defesa e favorecer o combate ao protozoário causador da doença. Para a pesquisadora, os resultados sugerem que o P-MAPA poderia ser usado como auxiliar no tratamento da leishmaniose em cães. "As drogas hoje disponíveis não conseguem eliminar o parasita totalmente.

O cão fica sujeito a recaídas. Além disso, são muito tóxicas para os animais", contou Valéria. Até pouco tempo atrás, a legislação brasileira proibia o tratamento de cães infectados pelo protozoário Leishmania chagasi, pois acreditava-se que o sacrifício era a melhor forma de evitar a transmissão para humanos, que ocorre pela picada do mosquito-palha. "Mas a legislação está se tornando mais flexível e aceitando o tratamento dos animais", contou Lima.

Considerado um imunomodulador, o P-MAPA já demonstrou resultados promissores no combate a alguns tipos de câncer e as outras doenças infecciosas, como tuberculose e malária. A molécula foi desenvolvida a partir de substâncias existentes no fungo Aspergillus oryzae pela rede de pesquisa Farmabrasilis - entidade sem fins lucrativos criada em 2001 e constituída por cientistas brasileiros, chilenos, europeus e norte-americanos.

DA REDAÇÃO, THIAGO ESTEFFANATO - ARAÇATUBA

(Com informações da Fapesp)