Para muita gente, voar é um tormento e longas viagens costumam ser desconfortáveis. A pedido das fabricantes de aeronaves, centros de pesquisa do mundo inteiro investem em estudos com objetivo de tornar os aviões mais confortáveis e as viagens mais curtas. O Brasil está desenvolvendo uma pesquisa em parceria com a Embraer. Usando tecnologia de ponta, a USP construiu uma espécie de aeroporto cenográfico com um simulador de voo para analisar o comportamento de passageiros durante um voo.
Além da USP, participam da pesquisa a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O estudo, que começou em 2008, entra na fase de testes em março. Um grupo de voluntários acostumados a viajar de avião vai se reunir periodicamente para sugerir mudanças no interior dos aviões.
A pesquisa analisa os fatores que influenciam a sensação de conforto dos passageiros, como vibração, temperatura, pressão, ergonomia, odores, materiais e iluminação. Cientistas das três universidades estudaram esses fatores de forma isolada por meio de testes com pessoas treinadas.
O próximo passo é estudar esses aspectos de forma integrada com cerca de 600 participantes que já viajaram de avião. "Os participantes darão suas respostas baseadas unicamente em preferências pessoais. E, como é um teste com consumidor, eles só poderão participar uma única vez", diz o coordenador do projeto, Jurandir Itizo Yanagihara, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica (Poli) da USP.
Para a etapa de testes, o Laboratório de Engenharia Térmica e Ambiental (Lete) da Poli-USP será transformado em um aeroporto cenográfico. Os participantes dos ensaios aguardarão em espaço semelhante ao saguão de um terminal o momento de embarcar em uma viagem, com duração prevista de três a quatro horas, em um simulador de voo.
O equipamento, que é o segundo do mundo, reproduzirá todas as características do interior da cabine de aeronaves modelos 170 e 190 da Embraer. Ele irá simular as condições de um voo real, como pressão, temperatura, ruído e vibração.
Yanagihara explica que o simulador terá som, iluminação, poltronas e tudo o que há em um avião. Segundo ele, a intenção é que os participantes fiquem tão imersos no ambiente reproduzido pelo equipamento que esqueçam que estão participando de um teste e pensem que realmente estão viajando. (Com Agência Fapesp)