Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP vai auxiliar o treino de judocas ao fornecer elementos que permitem uma avaliação precisa do atleta durante a execução de golpes. Com isso, será possível direcionar o treinamento visando um desempenho máximo. Os dados foram obtidos por meio do estudo do metabolismo energético de judocas durante a execução de técnicas de braços, pernas e quadril em dois exercícios típicos da arte marcial: nage-komi e o uchi-komi.
A pesquisa teve a participação dos professores Guilherme Artioli, Sandro Mendes e Antonio H. Lancha Jr, do Laboratório de Nutrição Aplicada; Rômulo Bertuzzi, do Grupo de Estudos em Desempenho Aeróbio; Hamilton Roschel, do Laboratório de Adaptações Neuromusculares ao Treinamento de Força e do Laboratório de Nutrição Aplicada; e Emerson Franchini, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate.
No último dia 20 de março, um artigo sobre a pesquisa, Determining the Contribution of the Energy Systems During Exercise, foi publicado no Journal of Visualized Experiments (JOVE). “A apresentação dos artigos na JOVE é feita em formato de vídeo, pois o foco principal é a demonstração dos métodos usados e não exatamente os resultados finais”, conta o professor Emerson Franchini. O vídeo da pesquisa tem cerca de 11 minutos de duração, e é acompanhado por um texto curto, em formato semelhante a um artigo científico convencional.
A pesquisa
O trabalho que deu origem ao artigo publicado no JOVE foi iniciado em 2007, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foram estudados atletas homens (faixa marrom ou preta), com mais de 18 anos, que praticassem o esporte pelo menos três vezes por semana, e competissem em torneios oficiais. O objetivo era compreender a participação de três sistemas energéticos durante a execução de técnicas de braço, perna e quadril. Foram feitas medições do consumo de oxigênio e da concentração de lactato antes e depois da prática dos exercícios nage-komi e o uchikomi. “No nage-komi, o judoca executa a entrada da técnica e projeta o parceiro; já no uchi-komi, o atleta também executa a entrada da técnica, mas sem projetar o parceiro”, explica Franchini.
Os dados foram coletados por meio de um analisador de gases portátil. Durante a prática dos exercícios, cada atleta vestia uma máscara contendo um fluxômetro que possibilitava que, a cada respiração, fossem obtidos dados referentes ao volume de oxigênio e gás carbônico.
Impacto nos treinamentos
Os resultados da pesquisa têm impacto direto nos treinamentos de judocas. “Por meio desses resultados, é possível fazer uma avaliação precisa do atleta, identificando seus pontos fortes e fracos e direcionando o treinamento com o objetivo de obter o máximo de rendimento, podendo melhorar o desempenho do esportista”, aponta Franchini, que além de professor livre-docente da EEFE, presta assessoria para o Comitê Olímpico Brasileiro, atendendo a três atletas da seleção de judô: Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e Rafael Silva. Por estar enquadrado na USP no Regime de Dedicação Total à Docência e à Pesquisa (RDIDP), o professor possui autorização especial para realização de atividade simultânea.
Agência USP