Notícia

Infofix

Estudo detalha eficácia de métodos alternativos ao uso de animais de experimentação (6 notícias)

Publicado em 18 de maio de 2024

Por Agência Fapesp

Em artigo no Journal of Fungi , pesquisadores de instituições do Brasil, dos Estados Unidos e da Colômbia que investigam interações entre fungos e hospedeiros apresentaram uma exposição abrangente de diversas aplicações empregando metodologias alternativas ao uso de animais mamíferos.

Os métodos alternativos in vitro e in vivo , atualmente mais acessíveis e em disseminação, têm grande potencial para substituir o uso de animais. São, em muitos casos, mais rápidos e baratos, além de terem condições experimentais altamente controladas e resultados quantificáveis, diferentemente de alguns testes em animais, que demandam mais tempo e gastos.

“Outra vantagem é a possibilidade de usar células humanas – linhagens primárias e comerciais usadas para pesquisa, as últimas compradas de bancos de células. O uso dessas células elimina o problema da distância filogenética entre animais e humanos e leva a maior taxa de sucesso na transição dos testes pré-clínicos para clínicos”, explica , professora titular do Laboratório de Proteômica e Micologia Clínica do Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (FCFAr-Unesp), apoiada em suas pesquisas pela FAPESP ( e

Suas atividades são realizadas em parceria com , responsável pelo Laboratório de Desenvolvimento e Validação de Métodos Alternativos para Avaliação de Segurança e Eficácia de Bioprodutos ( ), também da Unesp e pela FAPESP.

As pesquisadoras desenvolvem metodologias in vitro e in vivo para avaliação de toxicidade utilizando cultivo celular em 2D e 3D de diversas linhagens celulares e modelos animais alternativos como zebrafish ( Danio rerio Galeria mellonella (traça-da-cera), Tenebrio molitor (bicho-da-farinha) e Caenorhabditis elegans (verme encontrado no solo). Esses modelos são usados para estudar infecções fúngicas no contexto de virulência, resposta imune inata, eficácia terapêutica e segurança toxicológica. Entre suas vantagens estão o baixo custo, ausência de problemas éticos, facilidade de experimentação, eficiência em termos de tempo e a possibilidade de usar muitos animais por experimento em comparação com modelos de mamíferos.

As pesquisadoras também mantêm várias colaborações com indústrias farmacêuticas e veterinárias por meio de projetos específicos no desenvolvimento e avaliação de produtos antimicrobianos e metodologias para avaliação e quantificação de contaminantes de ambientes, de produção de insumos farmacêuticos e afins. Além disso, têm participado do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas ( ) da FAPESP, contribuindo para o desenvolvimento de metodologias preditivas e de segurança toxicológica e de formulações farmacêuticas.

A utilização de métodos alternativos ao uso de animais de experimentação é tendência mundial. Em outubro de 2008, o Brasil formalizou ( ) a diretriz de redução do uso de animais em ensino e pesquisa e de monitoramento e avaliação da introdução de técnicas alternativas que o substituam. A ciência de animais de laboratório em todo o mundo é regida atualmente por três princípios, chamados “3R's”: redução ( reduction ), refinamento ( refinement ) e substituição ( replacement ). Os 3R's reforçam a necessidade de reduzir o número de animais utilizados, melhorar a condução dos estudos, minimizar o sofrimento o quanto possível e buscar métodos alternativos que, por fim, substituam testes in vivo

Algumas agências regulatórias tais como o FDA nos EUA, a EMA na União Europeia e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, além da (Renama, do CNPq/MCTI), possuem programas específicos para implementação de métodos in vitro visando à suplementação ou substituição de estudos em animais.

“A Renama tem papel fundamental na disseminação desses ensaios e na garantia da qualidade dos serviços ofertados ao setor produtivo, levando ao aumento da competitividade nacional e internacional, uma vez que os métodos alternativos ao uso de animais representam barreiras técnicas à exportação, por causa das legislações específicas de cada país”, diz Giannini, que é doutora em ciências biológicas (microbiologia) pela Universidade de São Paulo.

O artigo Alternative Non-Mammalian Animal and Cellular Methods for the Study of Host–Fungal Interactions , também assinado por cientistas das universidades da Flórida (EUA) e de Antioquia (Colômbia), pode ser lido em