Notícia

Jornal da Unesp online

Estudo de Rio Preto sobre girinos atrai estudioso americano

Publicado em 09 fevereiro 2012

O pesquisador Matthew Venesky, da Universidade do Sul da Flórida (University of South Florida), nos EUA, realiza filmagens em alta velocidade em um experimento com girinos no Laboratório de Ecologia Animal do Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce), Câmpus de São José do Rio Preto. Ele quer analisar comparativamente a biomecânica da alimentação de espécies brasileiras e americanas, isto é, a forma como as larvas de sapos e rãs obtêm alimento.

A vinda do pesquisador atraiu para Rio Preto estudiosos de diversas universidades brasileiras, como Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Federal de Goiânia (UFG). "Queremos aprender as técnicas para filmagem com câmera de alta velocidade para que também possamos fazer esse tipo de análise", afirma a docente da UFMA Gilda Andrade.

O interesse de Venesky em vir para Rio Preto surgiu quando ele leu um artigo publicado pela professora Denise Rossa-Feres na revista científica Behavioral Ecology. "Ela falava sobre saltos de girinos, o que me instigou e interessou muito, já que os girinos das espécies de sapos americanos não fazem isso", relata.

Após várias conversas por e-mail, Denise, que é a coordenadora do projeto entre universidades brasileiras intitulado "Sisbiota: Girinos do Brasil", convidou Venesky para realizar esse trabalho na Unesp. "Para nós, que há um ano estudamos o padrão de distribuição de girinos em diversos biomas brasileiros, a pesquisa de Venesky só veio somar, trazendo a perspectiva da análise da biomecânica da alimentação", avalia Denise.

Durante sua estadia, o pesquisador captará imagens de girinos de treze espécies de rãs e pererecas brasileiras se alimentando. Na terça-feira, ministrará uma palestra para pesquisadores e, no dia seguinte (08/02), viaja para o Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Picinguaba, no litoral paulista, para enfim conhecer os girinos semiterrestres - aqueles que saltam.

"É a primeira vez que venho ao Brasil, o que é a realização de um desejo antigo, já que este é o país que mais possui espécies de sapos - enquanto nos Estados Unidos temos 100, aqui há mais de 800", destaca.

Para Denise, este é o início de uma parceria. "Já rascunhamos três projetos para desenvolvermos juntos". O docente Fausto Nomura, da UFG, que também faz parte do projeto, destaca: "Essa é uma prova de que aqui se faz pesquisa de qualidade."

Projeto brasileiro

Iniciado em janeiro de 2011, o projeto "Sisbiota: Girinos do Brasil", coordenado pela professora Denise, reúne pesquisadores de diferentes universidades com o intuito de criar um guia de identificação de girinos - o que ainda não existe em detalhe na literatura científica nessa escala espacial. O estudo também pretende analisar como os girinos brasileiros se distribuem pelos diferentes ecossistemas.

"O guia é necessário para ajudar os pesquisadores na identificação das espécies", explica Denise. "Conhecer o padrão de distribuição dos girinos nos biomas, por sua vez, nos permitirá atuar na conservação desses animais, já que saberemos de que forma as pressões ecológicas, como predadores e qualidade da água, os afeta."

Financiado por meio de um convênio entre Fapesp, Capes e CNPq, o projeto tem previsão para ser finalizado em dois anos.

Ligya Aliberti, da Assessoria de Imprensa do Ibilce