Diagnóstico do quadro ainda é um desafio por causa de sua complexidade g1
Pesquisa em São Carlos (SP) busca identificar as principais alterações cerebrais associadas ao autismo. Diagnóstico do quadro ainda é um desafio por causa de sua complexidade. Estudo da USP de São Carlos propõe uso de inteligência artificial para diagnosticar o autismo — Foto: Divulgação/Unsplash Um estudo do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC - USP), em São Carlos (SP), busca diagnosticar o Transtorno do Espectro Autista (TEA), por meio da inteligência artificial. A metodologia de diagnóstico ainda está em desenvolvimento. O diagnóstico do autismo ainda é um desafio. A principal razão para isso é a sua complexidade, já que os sintomas da TEA são bastante diversos e não há um 'marcador' no organismo que determine o quadro com precisão. Para um diagnóstico, são necessários profissionais especializados e de diferentes áreas. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) dos Estados Unidos (EUA), a cada 36 pessoas, uma apresenta TEA. Como funciona o diagnóstico Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP de São Carlos oferece vaga de estágio para estudantes de administração — Foto: Nilton Junior/ArtyPhotos A inteligência artificial se baseia em dados das redes cerebrais, que são coletados por exames de ressonâncias e eletroencefalogramas, que registram graficamente as correntes elétricas emitidas pelo cérebro. Os dados são utilizados para a criação de 'mapas', que diferem entre pessoas que não possuem TEA e aquelas que têm o quadro clínico. Ao todo, 500 pessoas participaram do levantamento, sendo 242 delas portadoras do TEA. As máquinas são, então, abastecidas com esses 'mapas' e determinam as principais alterações cerebrais associadas ao autismo. A precisão é de 95%. Diferenciais e inovações O diferencial do estudo desenvolvido em São Carlos (SP) é que ele leva em consideração a organização da rede cerebral para o diagnóstico. Nele, são estudadas como se dão as relações entre as diferentes partes do cérebro. Com as ressonâncias, é possível ver que os cérebros de pessoas com TEA apresentam menos distribuição de informações e conectividade. De acordo com Francisco Rodrigues, professor do ICMC-USP, a alteração nos circuitos cerebrais podem alterar outros processos do organismo, como os emocionais, cognitivos e de memória. "Circuitos cerebrais alterados em pessoas com TEA podem estar relacionados a alguns comportamentos. A maioria dos estudos mostra que essas alterações são pouco visíveis, o que dificulta o diagnóstico". Outros diagnósticos Eletroencefalogramas ajudam no desenvolvimento de mapas que colaboram com método de diagnóstico do autismo — Foto: Divulgação | HSJosé O mapeamento do cérebro também é importante para o diagnóstico de outras condições, como a esquizofrenia. Segundo Rodrigues, com a pesquisa, pode ser possível estabelecer uma relação entre os quadros clínicos. "Se conseguirmos relacionar os transtornos, talvez possamos desenvolver novos medicamentos, e tratamentos similares para diferentes condições, ou mesmo adaptar tratamentos". Como a base de dados ainda é pequena e a coleta deles não são simples, para que o método se estabeleça, ainda há muitos desafios. Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara