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MSN (Brasil)

Estudo da USP propõe novos critérios para corte de árvores na Amazônia para frear perda genética (8 notícias)

Publicado em 01 de junho de 2025

Um estudo realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), aponta que a adoção de estratégias específicas para cada espécie de árvore pode ser mais eficaz para preservar a diversidade genética da floresta amazônica do que os critérios generalistas previstos na legislação brasileira. Os resultados foram publicados na revista científica Forest Ecology and Management, na segunda-feira (26). Segundo os autores, a proximidade entre as árvores é determinante para garantir o chamado fluxo gênico — a troca de genes entre indivíduos da mesma espécie —, processo fundamental para a adaptação e a sobrevivência das populações florestais.

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), analisou os impactos da exploração madeireira com base no diâmetro mínimo de corte (DMC), regra que estabelece o tamanho mínimo das árvores que podem ser extraídas. Os pesquisadores avaliaram se, após o corte, as árvores remanescentes permanecem próximas o suficiente para possibilitar a polinização e, consequentemente, manter a diversidade genética. Para aprofundar a análise, os cientistas propuseram um novo parâmetro: a “distância mínima de corte”.

O critério considera a localização e o espaçamento entre as árvores que permanecem na floresta, visando preservar a conectividade genética. Modelos de simulação foram utilizados para comparar a nova proposta com as regras atualmente em vigor, avaliando tanto os impactos sobre a biodiversidade quanto o volume de madeira extraído. O estudo foi conduzido em quatro áreas de manejo florestal na Amazônia Legal. Duas estão localizadas no Estado do Amazonas, em propriedades privadas com certificação ambiental. As outras duas ficam no Pará e em Rondônia, em áreas sob concessão florestal. No total, as áreas avaliadas somam quase 49 mil hectares.

Os resultados indicam que critérios adaptados à realidade de cada espécie e região geram melhores resultados ambientais do que as regras padronizadas. De acordo com os pesquisadores, a adoção de abordagens mais específicas pode tornar o manejo florestal mais sustentável, contribuindo para a conservação da biodiversidade e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos da Amazônia.

“O estudo reforça a necessidade de revisão das normas de exploração madeireira, incentivando políticas que aliem produção e conservação ambiental”, afirmou o professor Edson Vidal, um dos autores da pesquisa. Vidal também destacou que o espaçamento adequado entre as árvores favorece a polinização cruzada, aumentando a variabilidade genética. “Essa variabilidade é essencial para as populações resistirem a mudanças ambientais, como doenças e pragas, tornando mais eficaz o critério de distância mínima de corte”, concluiu.