Cientistas do Departamento de Imunologia, do Instituto de Ciências Biomédicas, da Universidade de São Paulo, deram mais um passo para a compreensão dos processos inflamatórios relacionados às lesões renais. Segundo a matéria de Fábio de Castro, publicada no site da Agência FAPESP, no último dia 4 de fevereiro, o grupo desvendou a relação entre a resposta inflamatória do sistema imune e a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), uma doença que pode levar à insuficiência renal aguda e decréscimo na função renal.
A GESF é uma das principais doenças do glomérulo (as unidades funcionais dos rins) em crianças e adultos e pode voltar a ocorrer depois de um transplante de rim. O estudo da USP mostra que a expressão de um receptor do hormônio bradicinina (receptor B1) é induzida durante o curso da doença. E, por outro lado, ao diminuir a expressão do receptor B1, verifica-se uma melhora da disfunção renal.
“Essa diminuição da disfunção renal se deve à reversão da lesão associada à desorganização dos podócitos – células que são centrais para o processo de ‘filtragem’ da urina, realizado nos glomérulos. O trabalho demonstrou, pela primeira vez, que o bloqueio dessa via é capaz de provocar uma melhora na disfunção dos podócitos”, explica a matéria.
Essa disfunção dos podócitos está relacionada, segundo a matéria, a um processo inflamatório causado pelas lesões renais agudas. “Considerando a complexidade das lesões renais agudas e crônicas, qualquer estratégia de tratamento efetivo para essas condições deverá ser capaz de modular o processo inflamatório na tentativa de reparar o tecido. Isso significa que o tratamento deve ser capaz de reverter as lesões agudas e suas consequências a longo prazo, restaurando a arquitetura do órgão e sua homeostasia – isto é, a propriedade de regular seu ambiente interno para manter uma condição estável, por meio de múltiplos ajustes controlados por mecanismos de regulação”, disse o professor Niels Olsen Câmara, coordenador do estudo, à Agência FAPESP.
Segundo ele, a persistência dessa resposta inflamatória pode levar à perda da arquitetura dos tecidos, com depósito de colágenos e o decréscimo na função renal – um processo até agora considerado irreversível.
Fonte: Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)