Pesquisa foi desenvolvida no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto entre os meses de abril e junho; especialistas viram diminuir tempo de internação de pacientes
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) da USP (Universidade de São Paulo) aponta que o remédio anti-inflamatório colchicina pode auxiliar no aceleramento da recuperação de pacientes infectados com o novo coronavírus (covid-19).
De acordo com o estudo, desenvolvido com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foi observado que voluntários tratados com o medicamento ficaram livres da suplementação de oxigênio antes dos pacientes que receberam o protocolo terapêutico padrão adotado no tratamento da covid-19.
O medicamento já é utilizado no tratamento de pessoas que sofrem com a gota (doença que causa inflamação nas articulações). Segundo os pesquisadores, os especialistas já conhecem os efeitos adversos da colchicina, considerando-o seguro.
Segundo os pesquisadores, a ideia de utilização do remédio partiu da intenção de diminuir o grau de inflamação verificado nos pacientes.
De acordo com o médico Paulo Louzada Júnior, um dos autores da pesquisa, esse tratamento foi utilizado apenas em pacientes internados e não foi testado na forma de prevenção da covid-19. Contudo, ele salienta a importância na dinâmica da utilização de leitos nos hospitais.
"Observamos que eles [pacientes voluntários] tiveram um tempo menor de internação e usaram menos oxigênio neste período. Pode gerar uma economia importante", explicou Louzada.
A pesquisa
O estudo foi realizado junto a voluntários internados no HCRP (Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto) entre os dias 1º de abril e 6 de junho. Ao todo, foram 38 participantes divididos em dois grupos. Ambos receberam o tratamento padrão adotado pelo hospital, contudo, em um dos grupos foi adicionado a colchicina.
Pacientes que precisaram de intubação e realizando tratamento na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) não foram incluídos na pesquisa. Todos os 38 voluntários submetidos à pesquisa sobreviveram ao tratamento contra a covid-19.