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Estudo da USP e da AMB mapeia cirurgias e cirurgiões e revela diferenças no acesso à saúde (452 notícias)

Publicado em 30 de abril de 2025

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A edição de 2025 da Demografia Médica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira, 30, revela grandes disparidades em relação às cirurgias no País. Mostra também que o problema da distribuição de profissionais pelo território se repete entre os cirurgiões e que há sérias diferenças no acesso a técnicas cirúrgicas mais avançadas na comparação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a rede privada.

É a primeira vez que o estudo, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), traz um olhar para a atenção cirúrgica, ainda pouco investigada no País.

Segundo o documento, a taxa de apendicectomia (remoção do apêndice), um procedimento cirúrgico de urgência que requer diagnóstico e intervenção rápidos, é 34,4% maior entre pacientes da rede privada do que no SUS (embora o sistema público realize o maior número absoluto de procedimentos, o dado considera a relação desse total por população assistida em cada rede). A taxa é de 58,7% e 86,6%, respectivamente, para colecistectomias e cirurgias de hérnias da parede abdominal, que em geral são consideradas eletivas.

Em relação ao número de cirurgiões gerais, o Brasil dispõe de 42.426 profissionais, de acordo com o estudo. “Eles são muito importantes na atenção básica da população. Não estamos falando de atenção cirúrgica especializada, como cardíaca e neurológica. Estamos falando daquele médico que atua em unidades de pronto atendimento ou em pronto-socorro para atender emergências cirúrgicas gerais, como uma úlcera perfurada ou um abdômen agudo inflamatório”, explica César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, ao Estadão . Segundo ele, outras especialidades serão esmiuçadas nas próximas edições.

Os cirurgiões gerais, porém, distribuem-se desigualmente pelo País e concentram-se especialmente nas regiões Sul e Sudeste, assim como a oferta de cirurgias. Desse modo, dois níveis de desigualdades na realização de procedimentos cirúrgicos se sobrepõem no Brasil: um entre regiões e unidades da federação e outro entre os setores público e privado.

Além disso, o relatório aponta que pacientes do SUS também são menos submetidos a cirurgias por videolaparoscopia, tipo de procedimento considerado minimamente invasivo e que há décadas tem sido preconizado por estar associado a menor tempo de recuperação, dor e sangramento.

“A ausência da assistência cirúrgica em momento oportuno é geradora de filas, mas também pode transformar condições passíveis de tratamento e cura em doenças graves, sequelas e mortes”, alertam os pesquisadores no documento. Eles evitam, porém, delimitar qual seria a “boa taxa” de cirurgias para o Brasil.

Os pesquisadores assumem que, como em qualquer estudo, há limitações e o levantamento pode proporcionar um olhar parcial sobre o cenário de cirurgiões e cirurgias, especialmente por depender da comparação de duas bases de dados distintas, do Datasus, para a rede pública, e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para a privada.

Mesmo assim, de acordo com Fernandes, os dados acendem um “sinal amarelo”. “Não é de se imaginar que os pacientes atendidos pelo SUS tenham uma incidência menor de doenças das vias biliares ou da vesícula biliar do que os pacientes atendidos na rede privada. O que possivelmente pode estar acontecendo é que os pacientes da rede privada podem ter mais acesso a diagnóstico e, por consequência, o número de cirurgias ser maior”, avalia.

“Existem quadros, por exemplo, de colecistite calculosa (pedras na vesícula) que muitas vezes são silenciosos, mas nem por isso deixam de representar risco porque uma pedra pode migrar e ocorrer uma complicação obstrutiva. Esses casos quase sempre têm indicação cirúrgica”, explica.

A despeito das deficiências, Fernandes ressalta a importância do SUS. “Ele veio em benefício da população e deu exemplos de competência fantástica na pandemia. Agora, claro, tudo precisa evoluir e se aperfeiçoar.”

Pandemia

Pela primeira vez, o estudo foi financiado também pelo Ministério da Saúde. Presente de forma remota na coletiva de divulgação dos resultados, o ministro da Saúde Alexandre Padilha afirmou que a “obsessão” do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da pasta é “garantir atendimento em tempo adequado para quem usa o atendimento médico especializado no nosso País”.

Segundo ele, esse é um “grande desafio” que foi agravado pela pandemia de covid-19. “Durante um longo período, os serviços de saúde, desde os ambulatórios até os hospitais, estiveram completamente ocupados com casos relacionados à covid-19. Isso resultou em atrasos de cirurgias, adiamento e não realização de exames de acompanhamento para pacientes com doenças crônicas. Esse represamento gera uma pressão enorme (até) hoje.”

No curto prazo, para ampliar o atendimento especializado e as cirurgias eletivas, Padilha diz apostar principalmente nas parcerias com o setor privado. A intenção da pasta é firmar esses acordos ainda neste ano.

“Seja para contratação de capacidade ociosa, seja para utilização dessas estruturas privadas para atender pacientes do sistema público, seja para apoio dessas estruturas privadas para atendimento especializado via telessaúde.”

Médicos, onde estão?

De acordo com o estudo, 17 unidades da federação estão abaixo da média nacional de 20,89 cirurgiões por 100 mil habitantes, sendo Pará (8,73), Maranhão (9,40) e Acre (9,52) os Estados mais desassistidos. No outro extremo, Distrito Federal (50,72), Rio Grande do Sul (26,72), São Paulo (26,61) e Rio de Janeiro (25,45) têm as maiores taxas.

Os cirurgiões são um exemplo da desigualdade regional na distribuição de médicos especialistas. O País tinha 353.287 profissionais nessa categoria em 2024, um crescimento de 154% em uma década, mas a distribuição nacional deles é “extremamente irregular”, de acordo com o documento. O Distrito Federal (453,50 por 100 mil habitantes) e São Paulo (244,19) têm as maiores concentrações, enquanto Maranhão (68,22), Pará (70,73) e Amazonas (81,29) apresentam as menores densidades.

O número de médicos, de maneira geral, chegou a 635.706 em 2024. O crescimento no total de profissionais gera uma taxa nacional de 2,98 médicos por 1 mil habitantes, mas a concentração regional também chama atenção. No DF, a taxa é de 6,28 por 1 mil, e, no Maranhão, de 1,27.

De acordo com o relatório, as capitais concentram 366% mais médicos por 1 mil habitantes do que o restante de cada Estado. Enquanto as 48 cidades brasileiras com 500 mil habitantes ou mais têm uma taxa de 5,75 médicos por 1 mil habitantes, nos 339 municípios com população entre 50 mil e 100 mil a razão cai para 1,79. Naquelas com até 5 mil moradores, a menor categoria analisada, despenca para 0,51.

Fernandes reconhece os esforços do Ministério da Saúde ao longo dos anos para promover a fixação de profissionais, mas avalia que a política precisa ser “mais agressiva” e contínua. “Precisamos de uma política de Estado, não de governo”, afirma.

O presidente da AMB argumenta que, mesmo em cidades pequenas, o juiz ou promotor tem uma carreira estruturada, enquanto o médico é contratado em caráter precário, “isso quando tem um vínculo empregatício”.

“Medicina não é sacerdócio. O médico vai procurar o local que oferece a ele condições de exercício profissional”, diz Fernandes. Boa qualidade de vida e um salário competitivo também são importantes, destaca.

A jornada do cirurgião

Os pesquisadores também ouviram mais de 1,5 mil cirurgiões gerais para compreender melhor tópicos como vínculos, jornadas, remuneração e locais de trabalho.

Sete em cada dez relataram dupla prática (72,4%), isto é, atuam tanto na rede pública quanto na privada. Apenas 7,7% disseram atuar exclusivamente no SUS; enquanto 19,9% atuam somente no setor privado.

A multiplicidade de locais de trabalho também chamou atenção. A maioria tem mais de um vínculo simultâneo: são três (23,1%), quatro (29,4%), cinco (20,4%) e até seis ou mais (17,4%).

Nos últimos seis meses, 85% dos cirurgiões relataram ter operado pacientes particulares, 81%, de planos de saúde e 76,6%, do SUS. Grande parte deles (73%) contou ter passado por pelo menos uma suspensão de cirurgia nos seis meses anteriores ao estudo.

“A suspensão ou cancelamento de cirurgias, especialmente as eletivas, é um problema frequente cujas causas precisam ser compreendidas para minimizar impactos nos serviços, profissionais e pacientes”, afirmam os pesquisadores.

Os principais motivos apontados pelos médicos foram: condições relativas aos próprios pacientes (58,8%), como hipertensão arterial sistêmica; problemas ligados ao centro cirúrgico ou UTI/CTI (21%); negativa de cobertura ou não autorização pelo plano (10,7%); e questões ligadas a recursos humanos, como falta de profissionais, equipe incompleta e contratempos do próprio cirurgião (8%). Para a maioria dos motivos apontados, são similares as frequências entre cirurgiões com atuação pública ou privada, segundo o estudo.

Raio-x das cirurgias

A apendicectomia é a cirurgia feita para remover o apêndice inflamado. O SUS foi responsável por 70% de todas as apendicectomias realizadas em 2023, com uma taxa de 74,45 cirurgias por 100 mil usuários exclusivos do sistema público. Nos planos de saúde, a razão foi de 100,11 por 100 mil.

No mesmo ano, enquanto a região Sul realizou 105,59 cirurgias por 100 mil habitantes, na região Nordeste foram 65,92.

As diferenças se intensificam quando são consideradas cirurgias em caráter eletivo, como a colecistectomia, um procedimento para remoção da vesícula biliar geralmente indicado devido à presença de cálculos (pedras); e as cirurgias de hérnia da parede abdominal, dedicadas a corrigir aberturas pelas quais partes do intestino ou gordura podem se projetar.

Olhando para a remoção de vesícula, a taxa no SUS foi de 196,81 cirurgias por 100 mil usuários, enquanto nos planos de saúde foi de 312,38 por 100 mil. A região Sul lidera com uma taxa de 274,93, enquanto o Norte fica na lanterna, com 174,92.

No caso das correções de hérnia, a taxa no SUS foi de 215,07 cirurgias por 100 mil usuários, já nos planos, 401,41. A região Sul teve um índice de 301,1, enquanto a Norte, de 167,9.

Via de acesso

O relatório também investigou a via de acesso pela qual as três cirurgias foram feitas. O mais recomendável seria a videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva em que o cirurgião opera por meio de pequenas incisões, porém o que predominou no SUS foi a cirurgia aberta, na qual o corte precisa ser maior.

Fernandes explica a diferença. Ele conta que, antes da possibilidade de procedimento minimamente invasivo, a retirada da vesícula pressupunha um longo corte na região logo abaixo das costelas. “O próprio corte que se fazia no abdômen, muitas vezes, era muito mais danoso do ponto de vista de recuperação. Ou seja, o paciente sofria mais por conta da cicatrização daquela abertura do que propriamente da cirurgia”, comenta.

Ele aponta que as cirurgias abertas não podem ser desmerecidas – elas são resolutivas, úteis e curam pacientes – mas, existindo as duas possibilidades, “é muito melhor fazer por via laparoscópica”.

Segundo o relatório, em 2023, foram realizadas 101.344 apendicectomias por via aberta na rede pública e 12.961 por acesso videolaparoscópico (11,3% do total). Já no setor privado, foram respectivamente 11.920 e 37.735, o equivalente a 76% dos pacientes sendo operados pela via minimamente invasiva.

Em relação aos casos de correção de hérnia, foram 328.043 cirurgias abertas e 2.017 por vídeo (0,6% do total) no SUS. Pelos planos de saúde, foram 155.189 abertas e 43.960 laparoscópicas (22,1%).

“Ainda que o SUS possivelmente atenda a um volume maior de casos complexos ou de emergência que possam exigir cirurgia aberta, há evidências sobre a necessidade crucial de investir em equipamentos, capacitação de profissionais e infraestrutura nos hospitais para aumentar o acesso dos pacientes à videolaparoscopia na rede pública”, dizem os cientistas no relatório.

“A incorporação de tecnologias e a otimização dos processos de gestão podem desempenhar um papel fundamental na melhoria da eficiência e qualidade de serviços cirúrgicos do SUS”, completam.