Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) encontrou na coleta de lágrimas uma possível alternativa para os atuais testes para detecção do vírus da covid-19, realizados através do exame de secreções nasais ou orais. O método também utliza swabs, hastes flexíveis com pontas de algodão, para coletar a secreção ocular e realizar os exames. A intenção da pesquisa era justamente encontrar uma opção menos invasiva para os incômodos processos pela boca ou pelo nariz, sem perder a eficácia no diagnóstico.“O swab nasal, além de provocar desconforto, nem sempre é usado da maneira correta. Para pessoas com desvio de septo nasal, por exemplo, pode ser um problema. Achávamos que a lágrima seria mais fácil de executar, mais tolerável. Conseguimos mostrar que é um caminho”, afirmou, em entrevista para a agência FAPESP, o professor Luiz Fernando Manzoni, da USP, e autor correspondente do artigo, publicado na revista Journal of Clinical Medicine. O resultado também aponta a importância do uso de proteção ocular para os profissionais de saúde, já que, mesmo que baixo, aponta o risco de contaminação através das lágrimas.De acordo com o texto, a probabilidade de detecção do vírus é maior através da amostra lacrimal em pacientes com maior carga viral. As lágrimas foram coletadas por dois métodos, através dos swabs, e também com as tiras de Schirmer, utilizadas para avaliar a quantidade de produção da secreção nos olhos. “Uma limitação nesse estudo é que não sabemos se a quantidade de lágrima coletada influencia na positividade ou não”, afirmou Manzoni. Os exames foram realizados entre julho e novembro de 2021, quando as variantes que mais circulavam em São Paulo eram a Delta e a Gama.Registro da coleta da secreção ocular para o exame utilizando a swab, haste flexível com ponta de algodão
Registro da coleta da secreção ocular para o exame utilizando a swab, haste com ponta de algodãoTrabalhando com 61 pacientes internados, a pesquisa analisou amostras oculares de 33 pessoas com diagnóstico de covid-19 por outros métodos, e 14 pacientes sem o vírus. O vírus SARS-CoV-2 foi encontrado em 18,2% das amostras coletadas pelas hastes, e 12,1% das obtidas através das tiras. Nenhum dos pacientes que não tiveram o vírus detectado através dos métodos tradicionais como o swab nasal deu resultado positivo no exame lacrimal. “Existem outros vírus ainda pouco estudados no Brasil. Pretendemos nos dedicar a encontrar soluções e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Vamos analisar também outras condições virais que se tornam sistêmicas”, afirmou o professor.Fonte: Hypeness