Pesquisadores dos institutos de Física (IFSC) e de Química (IQSC) do campus de São Carlos (SP) da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um sensor de baixo custo para a detecção de metais pesados - chumbo e cádmio - no suor, usando materiais simples e acessíveis.
O sensor é feito com plástico PET , fita adesiva condutiva de cobre, folha de transparência e etiqueta de papelaria, esmalte de unha, solução para fabricação de circuitos eletrônicos e acetona.
Perigo para a saúde
Metais pesados, como chumbo e cádmio, estão presentes em ambientes e itens utilizados no dia a dia, como baterias, produtos de beleza e até alimentos. Por serem tóxicos, seu efeito cumulativo no organismo pode causar uma série de problemas para a saúde.
Altos níveis de cádmio, por exemplo, podem levar a problemas fatais no trato respiratório, fígado e rins. Enquanto a intoxicação por chumbo pode retardar o crescimento e o desenvolvimento, causar irritabilidade, aumento de comportamento violento, dificuldades de aprendizagem, fadiga, perda de memória e apetite, infertilidade, pressão alta, perda auditiva em crianças e declínio no funcionamento mental em adultos.
“Determinar a exposição a metais pesados pode oferecer informações importantes sobre a saúde de uma pessoa”, afirma o pesquisador do IFSC-USP Paulo Augusto Raymundo Pereira, idealizador do trabalho.
Segundo o pesquisador, esses metais são eliminados do organismo principalmente pelo suor e pela urina e a análise desses fluidos corporais, portanto, pode auxiliar em estudos toxicológicos e terapêuticos.
Mas, normalmente, para detectar a presença desses componentes em fluídos corporais são necessários instrumentos caros. Além disso, os testes precisam ser feitos em ambiente controlado.
Mais fácil e barato
O dispositivo criado na USP oferece uma alternativa mais barata, com resultados mais rápidos e com baixo consumo de energia.
O sensor é conectado a um instrumento portátil chamado potenciostato, que executa a análise por meio da corrente elétrica proporcional à concentração de cada metal. O resultado é obtido em um aplicativo, que pode ser instalado em equipamentos eletrônicos como notebooks, tablets ou smartphones.
Por sua simplicidade, o sensor pode ser usado tanto por analistas quanto por pessoas não especializadas ou treinadas, em ambientes de saúde como postos, hospitais e consultórios.
Uso ambiental
Os pesquisadores defendem que o sensor também pode ser usado em outras áreas, como a ambiental.
“Poços artesianos, por exemplo, são regulamentados e precisam passar por análise de metal. Nosso sensor poderia ser extremamente útil nesses casos”, afirma o pesquisador da Universidade de Munique Anderson M. de Campos, integrante da equipe.
Os cientistas querem desenvolver melhorias no sensor antes de submeter o projeto à patente. Uma das ideias é substituir a etapa de corrosão do cobre, que gera detritos e resíduos, pelo corte em uma máquina de papel. Outra é utilizar o mesmo desenho de sistema para também detectar pesticidas na água e em alimentos.
O estudo foi apoiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e envolveu também colaboradores da Universidade de Munique (Alemanha) e da Chalmers University of Technology (Suécia).