Foram avaliados 425 pacientes após a alta hospitalar do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Mais da metade relatou declínio da memória e testes indicaram perdas cognitivas. Equipe médica trata paciente com Covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Providence Mission Hospital, em Mission Viejo, na Califórnia, em 25 de janeiro de 2022 nos Estados Unidos
Um estudo feito pela USP aponta que pessoas que tiveram Covid-19 moderada ou grave apresentam alta prevalência de déficits cognitivos e transtornos psiquiátricos.
As avaliações dos pacientes foram feitas entre seis e nove meses após a alta hospitalar do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).
Segundo os dados, 51,1% dos participantes relatou ter percebido declínio da memória após a infecção e outros 13,6% desenvolveram transtorno de estresse pós-traumático.
Já o transtorno de ansiedade generalizada foi diagnosticado em 15,5% dos voluntários. Em 8,14% deles, o problema surgiu após a doença.
O diagnóstico de depressão aparece para 8% dos pacientes – em 2,5% deles somente após a internação.
Os resultados completos da pesquisa, que contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), foram divulgados na revista General Hospital Psychiatry.
O estudo integra um projeto coordenado pelo professor Geraldo Busatto Filho, da FMUSP.
A proposta é que médicos de diversas áreas monitorem pessoas atendidas no HC entre 2020 e 2021 a fim de avaliar eventuais sequelas deixadas pela Covid.
Metodologia
De acordo com o estudo, todos os participantes foram submetidos a uma série de testes cognitivos para avaliação de habilidades como memória, atenção, fluência verbal e orientação espaço-temporal.
Os voluntários também passaram por uma entrevista com um psiquiatra e responderam a questionários padronizados usados no diagnóstico de depressão, ansiedade e estresse pós-traumático.
Pelo apontado no artigo, a prevalência de “transtorno mental comum” (sintomas depressivos, estados de ansiedade, irritabilidade, fadiga, insônia, dificuldade de memória e concentração) no grupo estudado (32,2%) foi maior do que a relatada para a população geral brasileira (26,8%) em estudos epidemiológicos.
Nesses pacientes, a prevalência de transtorno de ansiedade generalizada (14,1%) foi consideravelmente maior do que a média dos brasileiros (9,9%).
A prevalência de depressão encontrada (8%) também é superior à estimada para a população geral do País (entre 4% e 5%).