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Estudo da Unicamp relaciona dano cerebral a ganho de peso (1 notícias)

Publicado em 28 de novembro de 2017

Um estudo feito da Unicamp traçou um roteiro de como o ganho de peso acontece no organismo. Um dos fatores que contribuem para isso é um dano no cérebro.

Atividade esportiva todos os dias e mudança na alimentação. Assim a empresária Alexandra Caprioli emagreceu quase 50 quilos. As fotos mostram o antes e depois.

“Teve gente que achou que o meu marido tinha trocado de mulher. Teve pessoas que acharam que era minha irmã, sendo que eu não tenho irmã”, contou.

Já a biomédica Jussara Arigoni também fez regime e chegou a tomar remédio para emagrecer. Não adiantou.

“A gente não come, não sente fome. Só que, se parar de tomar, vai voltar o dobro”, disse.

A ciência já sabe que o intestino de um obeso absorve os alimentos de forma diferente, acumulando mais calorias. Mas antes desse processo existe um dano no cérebro.

Uma pesquisa da Unicamp comprovou que o excesso de gordura saturada, encontrada principalmente na carne, provoca a morte de neurônios responsáveis pela saciedade. É como se os sensores de limite, parassem de funcionar.

A pesquisa da Unicamp concluiu que o consumo de gordura saturada em excesso provoca inflamações na região do cérebro, conhecida como hipotálamo, onde estão os neurônios que regulam a fome.

"Os neurônios são células muito sensíveis então se elas ficam expostas a esse ambiente inflamatório por muito tempo, em um primeiro momento, elas passam a não funcionar muito bem. Mas se isso persistir por muito tempo elas acabam morrendo”, explicou o orientador da pesquisa Lício Augusto Velloso.

As imagens mostram os chamados neurônios Ponc, responsáveis pela saciedade. Eles são destruídos pela gordura saturada é um processo irreversível.

“Eu diria que seriam necessários alguns anos, talvez uns dois ou três anos, com uma alimentação muito ruim, muito rica em gordura saturada para que finalmente você tenha um dano irreversível no hipotálamo”, disse Velloso.

Esses danos podem ocorrer ainda na infância e adolescência. O trabalho da Unicamp foi feito em parceria com a Universidade de Cambridge. Depois da análise em camundongos, a pesquisadora Daniela Razolli foi para a Inglaterra para produzir neurônios humanos a partir de células-tronco.

“São células-tronco provenientes de pele humana. Então nós pegamos essas células-tronco, transformamos em neurônios, neurônios do tipo que controlam fome e gasto energético. Nós tratamentos esses neurônios com gorduras, com ácidos graxos e aí nós analisamos os efeitos que essas gorduras têm em neurônios humanos”, explicou Daniela.

A partir da descoberta, novas pesquisas podem apontar caminhos para repovoar o cérebro com os neurônios da saciedade, através de medicamentos ou células-tronco. Enquanto isso, a luta contra a balança continua.