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Estudo da Unicamp encontra pesticida, cafeína e hormônios na Bacia PCJ, que inclui o Rio Jundiaí (25 notícias)

Publicado em 15 de novembro de 2023

Por G1 Sorocaba e Jundiaí e TV TEM

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp) identificou pesticida, cafeína e hormônios na Bacia do PCJ, que inclui os rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Os resultados foram publicados em um site especializado na divulgação de artigos científicos.

O estudo fez uma triagem de diversas classes de compostos emergentes (CEs), incluindo pesticidas, hormônios, produtos de higiene pessoal e produtos farmacêuticos em 15 pontos, e produtos químicos industriais e substâncias perfluoradas em 11 pontos de diferentes rios que fazem parte da bacia hidrográfica, que possui área aproximada de 14.178 km² e uma população de 5,85 milhões de habitantes ao redor.

Conforme a avaliação preliminar dos riscos, os materiais da lista, que inclui produtos químicos industriais e PFAS - substâncias usadas na produção de vários itens -, estavam presentes em concentrações que poderiam ameaçar a vida aquática.

"Notavelmente, foram obtidos quocientes de risco de 414, 340 e 178 para diuron, atrazina - pesticidas - e imidaclopride - inseticida -, respectivamente, no Rio Jundiaí", diz um trecho do estudo.

Ainda de acordo com o estudo, os 76 municípios que constituem a bacia do PCJ são responsáveis ​​por 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, e a região é conhecida como um importante polo industrial e agrícola.

Esses rios, além de serem a principal fonte de água potável da região, também fornecem água utilizada para irrigação. Essa água não recebe nenhum tratamento antes de ser utilizada nos campos agrícolas.

A ideia, conforme os pesquisadores, é identificar contaminantes individuais e misturas de contaminantes que possam representar uma ameaça para humanos e/ou organismos aquáticos. O resultado do estudo é o primeiro retrato da ocorrência de compostos PFAS em rios do estado de São Paulo.

"Nosso estudo forneceu um retrato da ocorrência de 45 contaminantes emergentes na bacia PCJ, localizada em um polo agrícola e industrial no sudeste do Brasil. Os pesticidas atrazina, carbendazim, tebuthiuron e 2,4-D, bem como cafeína e bisfenol A, tiveram a maior frequência de detecção (100%), e sete PFAS diferentes foram relatados pela primeira vez em águas superficiais no estado de São Paulo", diz outro trecho do artigo.

"Nas concentrações encontradas neste estudo, o que chama a atenção é para a proteção da vida aquática. Diferentes efeitos oriundos da exposição crônica a essas contaminantes podem afetar a qualidade de vida da biota", alerta a pesquisadora Cassiana Carolina Montagner.

Ela ainda lembra que a presença de hormônios na bacia mostra as consequências do aporte de esgoto bruto direto no rio. Por fim, ela lembra que o problema pode ser resolvido a médio e longo prazo, mas com a necessidade de investimento sério em tratamento de esgoto e saneamento.