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Estudo da doença de Alzheimer em indivíduos com síndrome de Down utilizando técnica de medicina nuclear (30 notícias)

Publicado em 19 de setembro de 2024

Pessoas com síndrome de Down apresentam envelhecimento acelerado e grande incidência da doença de Alzheimer na velhice. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) mapearam, por meio de técnicas de medicina nuclear, a presença de neuroinflamação e de um marcador importante desse tipo de demência: a placa beta-amiloide, formada por fragmentos de peptídeo amiloide que se depositam entre os neurônios causando inflamação e interrompendo a comunicação neural.

Este estudo inovador observou como se dá a neuroinflamação nessa população por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET), com uso de radiofármacos específicos, sendo o primeiro no mundo a realizar esse tipo de análise. A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Jô Clemente, permitiu avaliar o cérebro de indivíduos com síndrome de Down de diferentes faixas etárias.

Já é conhecido que o processo de envelhecimento nessa população ocorre cerca de 20 anos adiantado, com menopausa precoce e diagnóstico de doença de Alzheimer após os 40 anos. O gene da proteína precursora amiloide (APP) está localizado no cromossomo 21, triplicado na síndrome de Down, levando a uma maior produção de beta-amiloide. Este estudo foi importante para compreender os padrões de neuroinflamação no cérebro vivo de pessoas com síndrome de Down.

Além disso, os pesquisadores acompanharam a progressão da neuroinflamação e das placas beta-amiloide em camundongos geneticamente modificados para desenvolver uma condição semelhante à síndrome de Down. A metodologia utilizada no estudo apresenta uma ferramenta importante para diferenciar casos de doença de Alzheimer de outras demências e estudar a progressão da doença em populações específicas.

O estudo foi apresentado durante o Simpósio de Imagem Molecular realizado no Instituto de Radiologia do HC-FM-USP, comemorando os dez anos da primeira imagem amiloide obtida no Brasil. A técnica de tomografia por emissão de pósitrons, aliada a outras análises, permite visualizar as placas e o avanço da neuroinflamação no cérebro humano vivo, sendo uma importante contribuição para a pesquisa em neuroimagem molecular em doenças neurodegenerativas.

Durante o evento, o presidente da FAPESP destacou a importância da ciência produzida em São Paulo e apresentou oportunidades de financiamento para jovens cientistas. O simpósio contou com a presença de especialistas nacionais e internacionais discutindo os aspectos mais atuais da pesquisa em neuroimagem molecular, incluindo o uso de biomarcadores, inteligência artificial e a síndrome de Down como modelo de estudo para doenças neurodegenerativas.

Informações da Agência FAPESP