Estudo clínico promovido pelo Instituto do Coração e InCor, por oito anos, utilizando o medicamento Carvedilol, dos Laboratórios Baldacci, será apresentado no 73º Congresso Brasileiro de Cardiologia, que será realizado em Brasília, de 14 a 16 de setembro, no estande do Baldacci. O estudo, publicado na Journal of American College Cardiology (JACC) principal revista de cardiologia mundial, revelou significativos resultados na prevenção de agressão ao coração em pacientes submetidas a tratamento quimioterápico para câncer de mama e teve como a primeira autora a Dra. Mônica Samuel Ávila, Médica Assistente do Núcleo de Transplantes do Instituto do Coração (InCor), da FMUSP. Outros dois renomados médicos, também do Instituto do Coração, participaram da Coordenação do Estudo: Dr. Edimar Alcides Bocchi, Coordenador do Núcleo de Insuficiência Cardíaca do Instituto do Coração (InCor) e Dra. Silvia Moreira Ayub-Ferreira, Médica Assistente do Núcleo de Insuficiência Cardíaca do Instituto do Coração (InCor).
De acordo com o Dr. Edimar, a razão do estudo foi a observação de que muitas pacientes com câncer apresentavam Insuficiência Cardíaca devido ao efeito de drogas quimioterápicas. Em busca da prevenção desse grave problema foi criado um modelo de cooperação entre a unidade de Insuficiência Cardíaca do InCor e os Laboratórios Baldacci. Segundo Kelson Rodrigues, Gerente de Produtos da Linha Cardio do Baldacci, o projeto foi financiado pela FAPESP: o Baldacci doou o medicamento e o placebo, sem qualquer participação financeira, seja no estudo, no desenho ou nos resultados.
Foi realizado um estudo prospectivo duplo-cego randomizado versus placebo, depois de selecionadas 200 mulheres com câncer de mama e que não apresentavam qualquer cardiopatia ao tratamento. "Avaliamos mais de mil pacientes para selecionar as 200 participantes e, ao final do estudo, 14% do total de pacientes submetidas ao Carvedilol apresentaram dilatação cardíaca. Historicamente, sem o preventivo cardíaco, esse tipo de paciente apresenta uma perspectiva de 20% a 25% de lesão cardíaca, conforme a dose do quimioterápico. A principal conclusão do estudo foi que o Carvedilol preveniu a lesão miocárdica ? ou seja, as pacientes que tomaram o medicamento apresentaram um pico de troponina inferior em relação às demais. Como explica o Dr. Edimar, a troponina é o mesmo marcador liberado quando o indivíduo sofre um infarto. "Existe uma agressão da célula, esta se rompe e libera a troponina durante o infarto. O medicamento evitou a liberação da troponina, sinalizando o seu efeito protetor".
Os médicos Coordenadores da Pesquisa acreditam que um dos benefícios do estudo será promover uma maior interação entre Cardiologistas e Oncologistas. "Estes pacientes têm de ser atendidos por uma equipe multiespecializada, que interaja no tratamento global dos pacientes," ressalta a Dra. Silvia. O trabalho em si ainda não terminou; foi feita uma avaliação precoce de 6 meses e outra será efetuada em um ano e mais uma em dois anos. "Até meados do próximo ano deveremos ter os resultados dessa análise posterior. A intenção é continuar na mesma linha de pesquisa, talvez com pacientes de maior risco de cardiotoxidade e verificar se o Carvedilol tem efeito protetor também nesse grupo", complementa a especialista. O 73º Congresso Brasileiro de Cardiologia será realizado no Centro Internacional de Convenções do Brasil ? CICB, em Brasília, DF. Mais informações sobre o Congresso: www.cardio2018.com.br