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Estudo brasileiro usa fungo para controlar praga em plantações (27 notícias)

Publicado em 27 de fevereiro de 2024

Pesquisadores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, descobriram que um fungo é capaz de infectar e matar a cigarrinha do milho em laboratório e em campo.

A cigarrinha do milho é uma das principais pragas que afetam o cultivo desse cereal no Brasil e no mundo. Além de se alimentar da seiva das plantas, esse inseto também transmite vírus que causam doenças graves, como o enfezamento (infecção da planta) e a risca.

Essas doenças podem reduzir a produtividade e a qualidade do milho, gerando prejuízos aos agricultores . Para controlar a cigarrinha do milho, os produtores costumam usar inseticidas químicos, que podem ter efeitos negativos sobre o meio ambiente e a saúde humana.

Por isso, alternativas mais sustentáveis e eficientes são necessárias. Uma delas, pode ser o uso de um fungo entomopatogênico, ou seja, que infecta e mata insetos.

Esse fungo é o Beauveria bassiana , que já é usado comercialmente para controlar outras pragas agrícolas, como a broca-da-cana e o percevejo-da-soja.

Como funciona o controle da praga com fungo

A investigação foi conduzida pela engenheira agrônoma Nathalie Maluta, pós-doutora na área de fitossanidade e pesquisadora da Koppert Brasil. Teve a participação de Thiago Rodrigues de Castro, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Koppert Brasil, e de João Roberto Spotti Lopes, professor da Esalq-USP.

“Nosso trabalho evidenciou que o fungo começa a afetar o comportamento da cigarrinha-do-milho dois dias após a pulverização do bioinseticida, reduzindo a atividade alimentar dos insetos nos vasos do floema das plantas de milho, local onde ocorre a transmissão de fitopatógenos”, disse Maluta à Agência Fapesp

O estudo, publicado na revista Scientific Reports , explica como o fungo atua sobre o inseto. Primeiro, os esporos do fungo aderem à cutícula (a camada externa) da cigarrinha. Depois, eles germinam e penetram no corpo do inseto, liberando toxinas e enzimas que causam a sua morte. O processo leva de três a sete dias, dependendo da dose e da temperatura.

Assim, os pesquisadores testaram diferentes doses do fungo sobre a cigarrinha do milho em laboratório e em campo, em duas regiões de Minas Gerais.

Eles observaram que o fungo reduziu significativamente a população do inseto e a incidência das doenças transmitidas por ele. Além disso, o fungo não afetou negativamente o desenvolvimento e a produtividade das plantas de milho.

Essa abordagem visa reduzir o uso de inseticidas químicos e aumentar a sustentabilidade da produção de milho.