O fungo Beauveria bassiana, que já é usado comercialmente para controlar outras pragas agrícolas, é capaz de infectar e matar a cigarrinha do milho
Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo, descobriram que um fungo é capaz de infectar e matar a cigarrinha-do-milho em laboratório e em campo.
A cigarrinha do milho é uma das principais pragas que afetam o cultivo desse cereal no Brasil e no mundo. Além de se alimentar da seiva das plantas, o inseto também transmite vírus que causam doenças graves, como o enfezamento (infecção da planta) e a risca.
Essas doenças podem reduzir a produtividade e a qualidade do milho, gerando prejuízos aos agricultores. Para controlar a cigarrinha do milho, os produtores costumam usar inseticidas químicos, que podem ter efeitos negativos sobre o meio ambiente e a saúde humana.
Por isso, alternativas mais sustentáveis e eficientes são necessárias. Uma delas, pode ser o uso de um fungo entomopatogênico, ou seja, que infecta e mata insetos. Esse fungo é o Beauveria bassiana, que já é usado comercialmente para controlar outras pragas agrícolas, como a broca-da-cana e o percevejo-da-soja.
A investigação foi conduzida pela engenheira agrônoma Nathalie Maluta, pós-doutora na área de fitossanidade e pesquisadora da Koppert Brasil. Também teve a participação de do coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Koppert Brasil, Thiago Rodrigues de Castro, e do professor João Roberto Spotti Lopes, da Esalq-USP.
“Nosso trabalho evidenciou que o fungo começa a afetar o comportamento da cigarrinha-do-milho dois dias após a pulverização do bioinseticida, reduzindo a atividade alimentar dos insetos nos vasos do floema das plantas de milho, local onde ocorre a transmissão de fitopatógenos”, disse Maluta à Agência Fapesp.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, explica como o fungo atua sobre o inseto. Primeiro, os esporos do fungo aderem à cutícula (a camada externa) da cigarrinha. Depois, eles germinam e penetram no corpo do inseto, liberando toxinas e enzimas que causam a sua morte. O processo leva de três a sete dias, dependendo da dose e da temperatura.
Assim, os pesquisadores testaram diferentes doses do fungo sobre a cigarrinha do milho em laboratório e em campo, em duas regiões de Minas Gerais.
Eles observaram que o fungo reduziu significativamente a população do inseto e a incidência das doenças transmitidas por ele. Além disso, o fungo não afetou negativamente o desenvolvimento e a produtividade das plantas de milho.
Essa abordagem visa reduzir o uso de inseticidas químicos e aumentar a sustentabilidade da produção de milho.
Gabriel Andrade