Um estudo brasileiro publicado em julho no periódico Scientific Reports (Nature) mostrou que adolescentes que pulam o café da manhã apresentam uma incidência de circunferência abdominal e de índice de massa corporal (IMC) maior do que os que fazem a refeição matinal. [1]
A partir dos dados de dois estudos, um brasileiro e o outro europeu, pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), analisaram se a falta do café da manhã poderia contribuir para o acúmulo de gordura corporal em adolescentes.
O estudo brasileiro Brazilian Cardiovascular Adolescent Health (BRACAH) avaliou 991 adolescentes de 14 a 18 anos estudantes de escolas públicas e particulares em Maringá, no Paraná, ao longo de 2007, sendo 45,5% garotos e 54,5% garotas. A pesquisa europeia Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence Cross-Sectional Study (HELENA-CSS), obteve informações de 3.528 adolescentes de 12,5 a 17,5 anos em nove países da Europa entre 2006 e 2007, com participação de 47,7% garotos e 52,3% garotas.
A pesquisa mostrou que 37,8% das adolescentes brasileiras e 44,5% das europeias pulavam o café da manhã. No caso dos rapazes, 34,6% dos brasileiros deixavam de fazer essa refeição versus 35,9% dos europeus.
No estudo brasileiro, o comportamento relacionado com o equilíbrio de energia foi coletado por meio de questionários nos quais os adolescentes relataram seus hábitos, como tomar ou não o café da manhã, comportamentos sedentários, como passar horas jogando video games ou assistindo à televisão, quantidade de horas de sono nos dias úteis e aos finais de semana, além da prática de atividade física e hábitos sedentários.
O sono foi considerado insuficiente quando os adolescentes relatavam que dormiam menos que oito horas por noite. Por sua vez, a prática de atividade física foi considerada insatisfatória quando eles reportavam se movimentar < 60 minutos por dia. O estudo avaliou IMC, peso, altura, relação cintura-altura e circunferência abdominal – indicador de risco de doenças cardiovasculares.
O estudo utilizou o questionário de Escolhas e Preferências Alimentares, aplicado aos adolescentes brasileiros, que englobou alimentação e estilo de vida, e continha afirmações como "muitas vezes eu pulo o café da manhã" e opções que variavam entre "discordo totalmente" e "concordo totalmente".
Os rapazes brasileiros e europeus eram mais altos, mais pesados e tinham circunferência abdominal maior do que as moças brasileiras e europeias.
Tanto na Europa como no Brasil, os rapazes que informaram não tomar café da manhã apresentaram circunferência abdominal maior do que os que disseram tomar café da manhã – o mesmo ocorreu entre as moças. Além disso, dados do estudo também revelaram que as adolescentes brasileiras se mostraram as mais sedentárias dentre os grupos analisados, e que as europeias perderam para os rapazes europeus, mas foram mais ativas do que os brasileiros.
De acordo com o estudo, a ausência do café da manhã pode levar os adolescentes a fazerem escolhas alimentares erradas mais tarde, provocando desequilíbrio na alimentação e os deixando mais vulneráveis ao ganho ponderal.